segunda-feira, maio 29, 2006






Enfim, uma boa notícia...
Combustíveis baixam


A Galp registou hoje a maior descida do preço da gasolina dos últimos seis meses. A gasolina baixou 1 cêntimo e meio e o gasóleo um cêntimo. Assim, a gasolina sem chumbo 95 passa a custar 1,333 euros o litro, enquanto que a 98 está nos 1,398 euros. O gasóleo é transaccionado a 1,068 cêntimos por litro. Esta foi a terceira descida do preço dos combustíveis só em três semanas. Em causa está a evolução favorável das cotações dos produtos refinados nos mercados internacionais. Desde o dia 8 de Maio, a Galp já desceu 3 cêntimos no preço do gasóleo e 2,5 cêntimos na gasolina.

Antunes Ferreira

Leio e quase não acredito. Mas parece que sim, que é a valer, não se trata de reinar com os cidadãos consumidores. Finalmente, uma boa notícia, que não pode ser apelidada de propaganda governamental. A não ser assim, a lógica é, realmente, uma batata.

Ainda estava o escriba mal refeito das afirmações do guru da gestão nos EUA, Jack Welch, que aqui mesmo nas nossas barbas, afirmara, na sexta-feira, que «é humilhante para os portugueses a percepção que o exterior tem de Portugal, com uma contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos», quando aparece esta novidade.

Note-se que as afirmações do antigo Presidente da GE, que se encontrava a assistir ao Fórum para a competitividade, haviam sido transmitidas por Mira Amaral. Este tinha acrescentado que alguns dos exemplos disso eram a formação profissional, a inovação, a investigação, o desenvolvimento tecnológico e os níveis de exportação. O nosso país precisaria de «um grande abanão» e «uma liderança forte» para avançar no caminho do futuro, ainda no entender de Welch.

Veio, agora, a gasolineira dar este brinde combustível. Chiça. Já todo o pessoal andava cheio de nuvens negras, de maus pressentimentos, de assustadoras perspectivas, por mais que Sócrates e os seus ministros se esforçassem por dizer que não era bem assim. Tinha de se ter em conta que a situação estava a melhorar, pouco, mas estava, que a economia começava a levantar a cabeça, que as exportações cresciam.

Face a isso, Marques Mendes persistia em descrever a actuação do Executivo como uma verdadeira catástrofe, um tsunami político, de estarrecer o mais pintado. Só propaganda, só promessas, zero realizações. O pior é que o líder laranja, quando se decidira a apresentar alternativas ao exercício governamental, dera uma enorme plof. A União Europeia, face à única proposta que parecia ter algum sentido, viera, acto contínuo, acentuar com veemência que não, porque não era permitida. Ponto final.

Sem se embandeirar em arco, há que dizer que a baixa nos preços dos combustíveis anunciada pela Galp, ainda que seja absolutamente conjuntural, é, ainda assim, uma esperança, pelo menos para os bolsos dos cidadãos. A economia, anémica, pode ver nisso uma vitamina que, embora não cure, faz bem. Quanto mais não seja, ao ego luso.

Não obstante, a crise continuava e parece continuar, alapada e omnipresente no quotidiano nacional. O défice, qual mostrengo aqui presente e não no fim do Mundo, descia, devagarinho é certo. Porem, nestas coisas das contas, estatísticas, avaliações de desempenho, tudo escriturado em cifras ponteadas de épsilones cortados, não se pode alegar a não ser utilizando a mesma medida.

Estes fastos recordam sempre a estória do economista catedrático que conversava com um comerciante da nossa praça, quase analfabeto, mas dono de império que só se podia medir aos milhões de milhões. O professor, a dada altura, e face ao retraimento do seu interlocutor, adiantou que, na verdade, o grande problema português era o Estado estar a gastar de mais, agravando assim o malfadado défice.

O magnata, cruzando beatificamente as mãos gordas no ventre ele também abastado, respondera que o problema nem era muito complicado e que ele próprio tinha uma ideia para reduzir até o matar o tal défice criminoso. E o Mestre, ansioso: «Meu Amigo, qual é?»

«É o Estado passar a gastar do défice».

4 comentários:

joão oliveira santos disse...

Caro (Amigo) AF,
O seu blóguio parece que (finalmente) entrou em velocidade de cruzeiro. Ainda bem. Porque bem o merece.
Assim, só me resta (por agora) desejar-lhe "Bom Lucas", tradução (literal, minha) de "good luck", isto é, boa sorte! (afinal, o caminho se faz caminhando...)
= (seu Amigo) JS

joão oliveira santos disse...

Evidentemente que queria dizer que o caminho faz-se caminhando...
JS

Anónimo disse...

Senhor Ferreira

Sou transmontano e portanto desconfiado. Temos sido tratados sempre tão mal que temos de ser assim. E os muitos anos que vivi em Angola cujo fim foi tão triste pela miserável descolonização ainda me fizeram desconfiar mais.
Longe vai o tempo em que se dizia para lá do Marão mandam os que lá estão. E Homens como o Senhor Engenheiro Camilo de Mendonça nunca mais apareceram.
Esta desconfiança é sobretudo por se saber o que a casa gasta. A Galp baixa os preços neste momento mas vai voltar a subi-los daqui a nada.
É tudo uma farsa. Aos meus 75 anos, felizmente com a cabeça em bom estado, ainda não percebi para que fizeram o 25 de Abril. Para os combustiveis subirem e baixarem à vontade, não do freguês, mas das gasolineiras? Depois venham com a história da carochinha do preço do petrólio... Com o Sadam Huseim isto não acontecia. E o homem está a ser julgado enquanto o Iraque está a ferro e fogo. E o Bush filho? Já será menos matumbo? Peço muita desculpa de o estar a incomodar, mas não vá em cantigas o Senhor Ferreira. Ponha-se a pau. Em Angola dizia-se que quando um embondeiro quer dar mamões temos de desconfiar.

Anónimo disse...

Esta do Estado gastar do defice é porreira. Os gajos da C.E.E. é que não vão gostar nada desta brincadeira. Que, no entanto, tem muita piada. Quanto ao resto, que Deus Nosso Snhor Jesus Cristo tenha piedade de nós.
Cumprimentos e parabens pelo blog