quarta-feira, maio 31, 2006
Anedotas da ditadura
No anedotário mundial há exemplares que são universais. Sobretudo as sem palavras – que, assim, são entendidas por (quase) todos os destinatários. São, o que se chama, de cair no chão a rir, de rir a bandeiras despregadas, de morrer de rir e assim por diante. Há outras de cunho mais específico que só podem ser entendidas pelas pessoas que falam a mesma língua dos seus autores.
E aqui entra na roda uma questão eterna: quem são esses seres privilegiados que criam tantas anedotas? Nunca ninguém sabe a resposta. É nisso que reside a graça da interrogação. A propósito, contava-se que, no tempo da ditadura, o próprio Salazar chamara os seus mais íntimos e fizera-lhes a pergunta calina: «Quem será o sujeito que inventa tantas piadas a meu respeito»?
Marcelo Caetano, na altura ainda nas graças do gajo de Santa Comba e por isso considerado o seu delfim, sugerira que a entidade mais indicada para o efeito era a PIDE. Com a anuência da salazarenta personagem, a «prestimosa corporação» deitou-se às investigações e descobriu o cavalheiro autor polifacetado e prolífero dos chistes sobre o então Presidente do Conselho e que era, naturalmente, o José da Silva, desempregado de profissão e convicção.
Tal como o ditador solicitara, levaram o homem a S. Bento e apresentaram-no ao chefe do Governo. Este, na sua voz sibilina, fanhosa e sussurrante, perguntou ao Silva se era ele o autor das historietas. Que sim, era. E onde tinha ele tempo para inventar tantas? Pois, sendo desempregado convicto…
Então, Salazar avançou com uma conversa preliminar sobre o tema. Então a ele é que o Silva dirigia o espírito inventivo? A ele que fizera novas estradas, a ele que saneara as finanças públicas, a ele que idealizara a Segurança Social, a ele que reorganizara as Forças Armadas? E o interlocutor, moita carrasco, caladinho que nem tarro de cortiça verdadeira.
E o Botas. A ele que dera a todos os portugueses uma vida melhor, pão, paz, estabilidade, segurança, felicidade? E o José Silva, levantando o braço em gesto de afabilidade: «Palavra de honra, senhor Presidente do Conselho, essa não fui eu que inventei». A.F.
Por isso e por outras razões, aqui fica uma piada curtinha originária do Brasil.
Tempo verbal
A professora pergunta:
- Joãozinho, qual o tempo verbal da frase:
«Isso não podia ter acontecido»?
- Preservativo imperfeito, professora.
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4 comentários:
Creio que o termo "o gajo" poderia muito bem ter sido evitado.
Falamos do Dr. António de Oliveira Salazar, que apesar de ditador, fez muito pelas suas gentes e pelas suas colónias. Pena que tão rapidamente tenham destruído décadas de trabalho, nem sempre justo... eu sei!
Covicções á parte foi um grande Homem que muito fez pelo Portugal que hoje somos e que temos, apesar das bandalheiras que que sofremos diariamente e a que lhe chamam de FEITOS, elaborados por bandidos e que hoje são tidos como heróis da Pátria.
Sou Patriota e amo o meu Portugal, que hoje oiço vezes sem conta apelidar de "este País" pelos politicos que temos. Choro quando oiço o hino, fico arrepiado quando vejo o povo em massa, de mao ao peito a cantá-lo, ensinei-o ao meu neto de 3 anos, vou fervorosamente ás urnas pôr o meu voto, mas há uma coisa que a vida me ensinou, nestas 7 dezenas e pouco de anos em que já cá ando... é que o repeitinho é bonito e a gente gosta!
Nao viremos nunca as costas áquilo que foi o nosso passado e que em consequencia é o nosso presente.
Nao sejamos cobardes o bastante para negarmos os "vivas" que já demos e a quem o fizémos. Defendamos sim as nossas convicçoes quaisquer que elas sejam, mas com dignidade!
Como diria "o gajo" TODOS NAO SOMOS DEMAIS PARA CONTINUAR PORTUGAL
Creio que a anedota está de facto engraçada, mas o caro desconhecido Hermínio nao deixa de ter razao.
Algo me passou ao lado ou estamos a falar do Dr. António de Oliveira Salazar?? Aquele que tem uma campa raza em Sta Combadao e onde tanta e tanta gente, ainda hoje lá vai pòr flores como que se de uma romaria se tratasse????????
Fez realmente muita coisa desnecessária, mas nao pode ter sido tao má pessoa assim, que nao mereça sequer um pouco mais de respeito DE TODOS NÓS.
Apesar de nao ser da mesma facção politica, sempre achei por exemplo o já falecido Dr. Alvaro Cunhal um homem de ideias consistentes e de fibra. Óptimo escritor e uma pessoa de um carisma vibrante.
Já vi que o AF é mais progressistazinho daqueles quase que feitos á pressa, porque está na moda ser como os Freitas do Amaral que por aí andam!!!!!
É pena...
Os senhores A. S. P. Hermínio, de Lisboa, e Jasmal Petiz (nascido em Angola) deram-me a honra de postar neste blog as opiniões deles, absolutamente contrárias às minhas. É isso que caracteriza a Democracia - a liberdade de opinião. Isso e mais; porem, para mim que faço da escrita modo de viver, poder publicar algo sem ser previamente censurado é imprescindível.
O tratamento que dei a Salazar é o que eu entendo que devo dar. As discordâncias dos referidos senhores a eles pertencem. E só a eles. Poderam publicá-las tranquilamente neste blog. Não foram censurados nem vilipendiados. Disso, estou certo e seguro.
A. O. Salazar, azar o meu e de muita gente mais, foi durante quase meio século um ditador em Portugal. Com Polícia Política, informadores, Censura prévia, prisões sem culpa formada, tribunais plenários, deportação, Tarrafal, tortura e até eliminação física. Ocorre-me o que aconteceu ao general Humberto Delgado, mas também tenho em conta a frigideira em que penou o meu grande Amigo Edmundo Pedro. Exemplos, apenas.
Eu próprio tive «relações especiais» com a então Polícia Internacional e Defesa do Estado. Três detenções (não exagero se as qualificar de prisões) e duas costelas partidas - e não por ter escorregado... Porem, não faço disso bandeira de martírio. Aconteceu, ponto.
Acredito firmemente que não tivesse sido o gajo - termo que o senhor Hermínio entende que eu podia ter evitado - que mandou directamente que tal me fizessem. Não era conhecido nem suficientemente importante do contra para que isso me acontecesse. Eu sabia o que me poderia acontecer se me metesse por tais caminhos. Meti-me. Consegui não abrir o bico.
Fui, no entanto, considerado um perigoso subversivo. Dei-me ao luxo de ter tido ficha na PIDE. Mas, não fugi, não desertei. Fiz o que entendi que devia fazer, de acordo com a minha maneira de pensar, com os princípios pelos quais sempre me regi, com a minha consciência.
Disso me orgulho. Por isso me orgulho dos meus filhos e dos meus netos e das minhas noras e de mais chegados. E, obviamente, de minha mulher Raquel, sobre a qual digo que, se voltasse a casar - era com ela. Também aqui não abri o bico...
Como podem ver, não nasci para a política - que se me afigura ocupação e prática nobre e justificada - depois do 25 de Abril. Alguns anos antes, permito-me acrescentar.
Diz o senhor Petiz, que penso já não o ser, «Já vi que o AF é mais progressistazinho daqueles quase que feitos á pressa, porque está na moda ser como os Freitas do Amaral que por aí andam!!!!!
É pena...» As acções, tal como as opiniões ficam com quem as pratica ou enuncia. Desculpem-me os que lêem este blog pelo presente texto longo e chato, «como a espada de D. Afonso Henriques», na voz do Povo a que pertenço. Senhores Hermínio e Petiz. Façam o favor de ser felizes, com a autorização do meu Amigo Raul Solnado. E passem bem. E voltem. Aqui não há censura...
Amigo
Não ligue a vozes de burro. Mande é cá para fora mais piadas do Botas. E se não souber mais, o que não acredito, invente-as. Você é «gajo» para isso e para muito mais. Lá fica lixado o camarada Hermínio.
Deixo-lhe o meu abraço de agradecimento e parabens sinceros. Disto é que o povo precisa.
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