terça-feira, maio 09, 2006
Consultório sentimental na Luz
Antunes Ferreira
O sôr Luís devia abrir um consultório sentimental na Luz. Ou, no mínimo, contratar um conselheiro matrimonial. Não se espantem: o jovem Geovanni Trapattoni saiu do clube invocando motivos familiares, pois a caríssima esposa não podia viver afastada dele. Resta saber se a Senhora terá ido estabelecer-se em Estugarda. Adiante.
Agora, Härr Ronald Koeman sai do clube dos lampiões por «razões familiares, tenho lá uma filha...» Ao que consta nem a casa no Algarve, muito menos o marisco e a cerveja (importada?) foram suficientes para o fazer ficar. Vai para o PSV Eindhoven e oxalá faça muito boa viagem. Os benfiquistas estão tristes. Em sondagem telefónica ontem feita pela SIC, apenas 82% concordaram com a saída.
Também se afigura que a dupla miraculosa V&V poderia recorrer a bruxa, vidente ou curandeiro, até mesmo a uma mulher de virtudes. E, quiçá a um exorcista devidamente licenciado. Três treinadores nas últimas três épocas deixam algumas dúvidas nos espíritos. Maldição? Artes do Mafarrico? Poção criminosa?
No tempo da Dona Margarida Prieto inaugurou-se uma capelinha no desaparecido estádio. Piedosa intenção a demonstrar a fé da esposa do então Presidente. Mas, ainda se não tinha chegado a este corrupio técnico. Aliás as instalações bentas foram desactivadas pouco tempo depois. Os céus não têm muito a ver com os futebóis, a não ser para os jogadores brasileiros, nomeadamente os guarda-redes.
O sôr Veiga, ainda mal tinha acabado de afirmar que «o contrato do senhor Koeman tina mais um ano e era para cumprir...», já estava sentado na sala de imprensa da ermidinha, ao lado do sôr Filipe e do neerlandês. De resto, o presidente encarnado já deixara antever entre linhas muito emaranhadas que o fim estava por pouco.
Fez-se, assim, luz na Luz; benditas sejam as «razões pessoais e familiares.» O holandês ainda teve tempo para afirmar «Nunca esquecerei este clube», pois «foi um prazer estar aqui, num dos maiores clubes do Mundo. Mas decidi seguir outro caminho.» Isto de acordo com as legendas que as televisões persistiram em colocar nos ecrãs. Já que, quanto a españolês, estamos conversados.
Vieira, que desejou felicidades ao ex disse, alto e bom som, como é seu timbre que a «saída não altera o projecto.» E, ainda que houvera «uma vontade muito grande do senhor Koeman em regressar à Holanda, ao seu clube de origem, onde conquistou bastantes títulos. Já tínhamos conversado na semana passada (...).» A rescisão fora amigável. Nem outra coisa seria de afirmar, perdão, esperar.
Está-se, portanto, perante um evento que se vai tornando habitual. As reprises nunca são empolgantes, pois se trata de coisas déjà vues. E quanto a novidades sobre o substituto do Härr Koeman? Para já, uma nova repetição: Fernando Chalana será, uma outra vez, o interino. Vieira e Veiga aqui estão de acordo: estrangeiro e com mais experiência do que saiu. Ainda que as portas da Luz lhe estejam sempre abertas.
Sublinhe-se que as palavras do líder vermelho desta vez não foram as já célebres «Quem vier, morre!» Isto porque o próximo treinador – que poderá ser o senhor Sven-Goran Eriksson, o último técnico que conseguiu completar duas épocas seguida e completas na casa da águia, nos últimos dez anos – não quereria pensar que as imortalizadas afirmações se lhe poderiam aplicar. Gato escaldado...
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