domingo, agosto 31, 2008



Artigo publicado no “Estado de S. Paulo” (31.8.08)

O nepotismo, o emprego

e o «Estadão»

Francisco Seixas da Costa*

Ao ler no editorial do “Estado de S. Paulo”, de sábado, 23 de Agosto, que o nepotismo era o produto residual “arraigado” da herança colonial portuguesa, senti reproduzida, pela multi-enésima vez, a referência à expressão em que Pêro Vaz de Caminha pede ao rei, na sua famosa Carta, emprego para um seu parente.

Talvez “porque hoje é sábado”, como diria Vinícius, dia em que os jornais se lêem com maior vagar, detive-me a reflectir um pouco no verdadeiro conteúdo do que foi escrito pelo cronista do “Achamento”. Ao formular a sua reverente petição ao rei, Caminha não estava a nomear ninguém para um cargo público, a colocar filho ou primo num gabinete ou numa sinecura paga pelo erário, na rentável administração de uma estatal, estava longe de pretender falsear um concurso público. Limitava-se a solicitar ao soberano, num tempo em que só a este cabia prover discricionariamente todos os lugares, no seu livre e indisputado arbítrio, um emprego para pessoa ligada à sua família. Assim acontecia em todo o mundo, de que Portugal não era excepção.



O pedido de Caminha, que se tornou num bordão referencial da ética pública brasileira, mesmo de quantos se não deram ao trabalho de ler o texto da Carta, passou a representar o exemplo tipificado de nepotismo, não obstante incontáveis contribuições posteriores terem ajudado a recortar, com bem maior sofisticação, essa histórica prática – e não apenas no Brasil, é claro. Para alguns, porém, a frase de Caminha permaneceu como um ferrete que terá marcado, por uma misteriosa eternidade, o DNA brasileiro, transformando-se numa herança ético-administrativa de raiz pecaminosa. Ela reemerge sempre como pernicioso ranço luso, nas horas em que a retórica de alguns oradores já esgotou os clássicos bebidos no “Reader’s Digest”. Não é este, como é óbvio, o caso do “Estado de S. Paulo”.

Neste reiterado uso do exemplo de Caminha subsiste, porém, um pequeno, embora quiçá despiciendo, pormenor: “nepotismo” não é nada isso. Trata-se de aproveitar a titularidade de lugares da administração pública para oferecer livre colocação a parentes (etimologicamente, a sobrinhos), passando a alimentá-los à mesa do orçamento. Nem mais, nem menos. E disso, convenhamos, Pêro Vaz de Caminha está inocente, sem necessidade de liminares ou recursos.

Longe de mim, como actual embaixador de Portugal, arvorar-me numa espécie de advogado-geral do tempo colonial. Bem me tem bastado, ao longo desde ano, ajudar à gestão póstuma das obras e graças do senhor dom João VI… Mas enquanto usufrutuário comum da bela língua que nos une, sinto-me no dever de colocar os pontos nos is, enquanto um novo Acordo Ortográfico os não abolir.

E relembrar que, no século 16, ser solicitado um emprego para alguém – familiar, amigo ou correligionário –, pedido formulado a quem tinha então o legítimo poder para o conceder, não configurava nada que se pudesse identificar com o conceito de nepotismo, nem sequer com a ideia de fisiologismo – impressiva expressão brasileira que passo os dias a tentar traduzir aos meus perplexos compatriotas, a quem a prática não é alheia, mas para a qual não dispunham de tão interessante instrumento qualificativo. Por isso, entendamo-nos de vez: Caminha não praticou nepotismo. Para confirmar isso, basta ler o vosso excelente Aurélio ou o nosso magnífico Moraes.

Mas por que razão, estarão a perguntar-se os leitores, terá o embaixador de Portugal tomado o “Estadão” como alvo deste seu preciosismo terminológico, quando o tema é recorrente em tanta outra imprensa? Por um motivo de oportunidade, que nada tem a ver com o nepotismo, mas que se prende com o emprego.

Sem que tal represente menor consideração pela restante imprensa brasileira, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente, talvez neste país se desconheça que muitos de nós, portugueses, sempre olhámos para o “Estado de S. Paulo” de forma muito particular. Nos longos anos em que, em Portugal, a liberdade não passava de uma miragem que se mantinha no horizonte longínquo, o Brasil acolheu, com imensa generosidade, muitas figuras que a ditadura salazarista alienava da vida cívica portuguesa. Nesse tempo, o “Estado de S. Paulo” destacou-se como porto de abrigo para algumas dessas personalidades, as quais, frequentemente, eram menos bem acolhidas por alguns compatriotas, aqui residentes, que não partilhavam ou rejeitavam mesmo o progressismo das suas ideias, porque haviam optado por se manterem próximos do regime que vigorava em Portugal.


Foi o “Estado de S. Paulo”, foi a figura honrada de Júlio de Mesquita Filho quem deu então uma mão solidária a vários profissionais exilados da imprensa portuguesa, bem como a outras figuras da Oposição ao salazarismo, oferecendo-lhes emprego, ajudando-os a reconstituir a sua vida e a sustentar o seu quotidiano. Nada disso era feito por adesão ideológica ou doutrinária, por qualquer interesse ou favoritismo, mas simplesmente por um sentimento de simpatia e pela partilha de uma magnífica e rara ética de solidariedade. Nomes como Vítor Cunha Rego, Miguel Urbano Rodrigues, João Alves das Neves, Carlos Maria de Araújo, João Santana Mota ou mesmo Henrique Galvão, puderam encontrar no “Estadão” um apoio essencial, nesse tempo de turbulência de suas vidas.

Por essa razão, por essa memória grata e afectiva que os democratas portugueses devotam ao “Estado de S. Paulo”, sentimo-nos livres para pedir que, quando um capítulo da nossa História em comum vem a lume, num dos seus editoriais, aliás sempre redigidos num excelente “português de lei”, o máximo rigor seja mantido. Achamo-nos, assim, no direito de exigir ao “Estadão”, com toda a cordialidade e imensa simpatia, a absolvição póstuma de Pêro Vaz de Caminha, que nunca pisou os terrenos pantanosos do nepotismo e se limitou a exercer o direito à solicitação um singelo emprego.

* Embaixador de Portugal no Brasil

Não são necessários mais quaisquer comentários. O texto foi-me enviado de Brasília pelo Jornalista José Fonseca Filho, proprietário e editor do www.nossabahia.net - que aproveito para aqui recomendar. Dois Amigos, o Francisco Seixas da Costa (já publicado aqui no Travessa) e o Zé Fonseca Filho, ficam uma outra vez registados neste blogue. Muito obrigado a ambos.



sábado, agosto 30, 2008

ATENÇÃO, MUITA ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!




INICIATIVA DO SORUMBÁTICO E DO TRAVESSA

Passatempo e Concurso

O Travessa e o Sorumbático oferecem um livro policial (de Conan Doyle, Simenon, Chesterton, Agatha Christie, H. G. Wells ou Dick Haskings - à escolha) ao autor do melhor comentário que seja feito à crónica »O crime na internet», publicada ontem aqui no Travessa. Os comentários serão aceites até às 24h do próximo dia 2, terça-feira. Os textos a apreciar serão os que forem afixados neste nosso Travessa do Ferreira.
É com uma grande alegria e muita satisfação que anuncio este colaboração que se pretende muito frutuosa. Continuá-la-emos. Sem falsas modéstias nem arrogâncias espúrias, os nossos dois blogues são um exemplo de participação empenhada na blogosfera. E, tenho de aqui o registar, a ideia partiu do Carlos Medina Ribeiro. Eu acolhi-a, batendo palmas. Oxalá que também gostem.

sexta-feira, agosto 29, 2008




PINÇAMINTOS PROFUND…DÍÇIMOS

Pior do que uma pedra no sapato...
…só um grão de areia no preservativo…

O Maia Figueiredo voltou de férias cheio de tes…ura, humor, força e vontade de colaborar! O que nunca lhe faltou, tenho de o dizer. Continuamos, todos, a ter um gajo bué da fixe! Se dúvidas houvesse a respeito deste apreciador de irmãs da Ordem das Caramelitas Descalças até à Ponta dos Cabelos, SJ, este pinçaminto diz tudo. É só primeiro; outros virão. Não se riam muito. Mas podemos tentar bater o recorde das 122. Comparticipações, óbvio. Ou queriam que fosse o quê? A.F.



anonimasalina.blogspot.com

A Ana Anónima Salinas (att: sem s) abriu os taipais do seu blogue. A minha pupila tem olho (Chiça! Não é a pupila do olho). O título diz oké. Vão lá - imediatamente e em forca (com ç)! Comecei a também lá colaborar. Para já cos PINÇAMINTOS.

'tobrigadinho





O crime na internet

Antunes Ferreira
N
ão há duas sem três, dizia-se. Agora, sem margem para dúvidas, não há dias sem muitos. Leia-se: actos criminosos. Aqui há umas semanas rabisquei aqui uma «coisa» em que dizia, mais ou menos, «vou ali assaltar o banco e volto num instante». Agora, no mínimo, terei de utilizar muitos plurais. Demasiados, infelizmente.

Por estes conturbados tempos, há de tudo: para além dos já calinos assaltos a bancos e outros alvos, rouba-se, a dinamite em plena auto-estrada, mata-se quem quer que seja, sobretudo porque o infeliz tentou negar-se a entregar a carteira, o cartão de crédito, e muito mais. Como o nosso Povo comenta, mata-se, esfola-se, viola-se, vigariza-se e rouba-se.

Estamos feitos. Estaremos? Tudo aponta para isso. Os «brandos costumes» característicos dos Portugueses estão, como estavam os dinossauros, em vias de extinção. (Desculpe Professor Galopim, meti a foice em seara alheia, digo, sua…). E as imensas quantidades de armas que «andam por aí», como acentuava o outro, ajudam e participam. E entram, ao contrário dos testículos.

A violência, como tudo o resto, não é um exclusivo made in Portugal. Estende-se pelo Mundo inteiro, tem tentáculos aos milhões, pobre do polvo nas suas limitações. Mas, como dizia o Jacintinho de Tormes, tudo chega atrasado a Portugal, Zé Fernandes. Ou algo assim. Em «A Cidade e as Serras», o Eça botou lá tudo. Lixado, o Queiroz. Não me refiro ao seleccionador nacional, claro.



Realmente do seu Paris natal até ao seu País de origem, as coisas demoravam o seu tempo a chegar. Ainda que viessem de comboio – vinham au ralenti. Logo na Estação de Tormes, quando se voltou para trás, já a caminho da quinta, e viu o zeloso chefe inclinado no cesto do lixo, a apanhar avidamente as revistas de mulheres nuas que trouxera da Cidade-Luz, ele acentuara a ideia mater.

Até as modas. As de senhora e as do procedimento. Diabo. Entrámos, portanto, no crime violento – atrasados. Sorte malvada. E não se diga que tal acontece por sermos… um País periférico. A União (???) Europeia, ainda e só considera a (des)qualificação para a Madeira e para os Açores. Nada disso. Progredimos à nossa velocidade de cruzeiro, mas progredimos. Devagarinho? Não nos podemos cansar muito. O clima-que-temos é quem paga as culpas.


Quando escrevo estas linhas, acabei de ler, no CM, que «são jovens, moram nos subúrbios das grandes cidades e apelam ao crime de forma directa. Ostentam armas, objectos roubados e desafiam a polícia. Estão espalhados na internet, não escondem o rosto e definem-se como bandidos». Ou seja, as novíssimas tecnologias aplicadas ao crime. Estamos bem. Estamos na onda. Somos bué da fixes, actualizados. Progredimos.

O combate a e, sobretudo a prevenção destes procedimentos, vai ser duro, complexo e dificílimo. Vencê-lo-emos? Seria bom que, no mínimo, o limitássemos e o fossemos atenuando. Singular convergência: PR, Governo, Oposição e PGR estão em consonância. Ainda bem. Neste particular, não há lugar para os famigerados «brandos costumes».

(Também, e como habitualmente, publicado no http://www.sorumbatico.blogspot.com/ e, a partir de agora, também no www.cariricul.blogspot.com e no www.anonimasalina.blogspot.com. Ufff...)

Fotos (de cima para baixo):
Arquivo
CM
Arquivo
CM
Aqui agradeço a posteriori ao Correio da Manhã onde encontrei e de onde surripiei... estes «bonecos»

quinta-feira, agosto 28, 2008




NA ROTA DO CALENDÁRIO

Em Agosto há mar e mar…

Maria Lúcia Garcia Marques
A-GÔS-TO é um mês opulento, encorpado e algo autoritário. Em tom rude e baixo, seu nome rola-nos na garganta, redondo e cheio como um seixo nas ondas. Por isso cheira a mar. Qualquer que seja a nossa “história marítima” pessoal, o que é facto é que este é o tempo infalível da revisitação do mar. Tempo a que chamamos “férias” e que desta relação colhe uma especial ressonância e se alarga numa trégua plena de reverberações.


Porém, por mais voltas que dê ao meu imaginário poético ou à evocação feliz das praias da minha infância, o mar continua para mim um respeitoso temor sempre presente. Reconheço-lhe, na sua movente imensidão, no brilho e na solenidade das suas colorações, na misteriosa e incessante obediência das suas ondas rolando, até na indolência com que se espraia por paraísos tropicais, uma nobreza e uma autoridade cósmica que justificam todas as procelas ou porte irado.
Mas não esqueço nunca as diferenças radicais das nossas naturezas: nem mar chão, nem mar de leite, nem mar de rosas, nem o que quer que se lhe chame e lhe dê feição acolhedora me levam a que me entregue e me confie e nem sequer me atrevo a um fora de pé emancipado: refresco-me, baloiço-me um pouco, ondeio quanto posso nas águas de uma segura profundidade e retiro-me, algo retemperada, grata sim, mas des-confiada sempre.



Porque o mar é lindo mas é também traidor, é senhor natural de mil maravilhas mas é também cioso guardador de vidas e bens que rouba sem dó. Deixou-se povoar de lendas e medos e veste-se desse mistério para acordar sonhos loucos de aventura e histórias de amor letal. Amor tão irremediavelmente íntimo que há quem se lhe entregue em estado de prova permanente, medindo forças para colher extravagantes vitórias, cavalgando o seu dorso rebelde em viagens solitárias, só pelo prazer de o sentir domado ou, no mínimo, complacente. E deve haver aí uma doação tão forte que não permitirá jamais vencedor ou vencido mas tão somente duas vontades que, sendo de natureza diversa, se entendem no milagre de um encontro único, num diálogo sem palavras mas de gestos precisos e sábios, na frágil mas perfeita conjugação do tempo da acção e do tempo da espera, do agir concertado com a oportunidade adivinhada, desaguando, nos casos felizes, numa inominável e quase orgástica sensação de plenitude, numa comunhão sem outra igual.


Foi por certo esse o filtro que enfeitiçou Amyr Klink, o brasileiro das navegações solitárias (uma travessia do Atlântico em barco a remos da costa de África até ao Brasil, seguida de uma viagem de circum-navegação da Antárctida ...), que, para além de tudo, nos consegue deliciar com as descrições dos seus diários de bordo, reveladoras, a par de um rigor técnico absoluto, de um invulgar pendor literário verdadeiramente genuíno e não raro comovente. Vale a pena acompanhá-lo nas suas histórias evocadoras de um mar diferente, muito amado e profundamente vivido.

Aqui vos deixo duas delas. A primeira sobre as ondas, suas companheiras de toda a hora que foi classificando ao seu jeito muito próprio:

As “madames” eram ondas imensas, de crista e colares formados por espuma branca, mas que, com toda a pompa não faziam mal nenhum. As “fresquinhas” não eram grandes mas passavam chamando a atenção e se sobressaíam bem. As “cuspideiras” eram ondas sempre pequenas, porém, mal intencionadas. (...). As “comadres” pareciam amigas, mas nem sempre eram de confiança. De vez em quando acertavam no barco por trás. E havia ainda as “perdidas” que chegavam sempre com mar agitado, atacando por todas os lados, tornando difícil o controlo do leme. Mas as piores de todas, imensas e traiçoeiras eram as “madrastas”, que podiam alcançar nove metros e me deixavam desprotegido e vulnerável.

A segunda, datada precisamente do final de Agosto, a comovente história de um tubarão muito peculiar que lhe apareceu a meio do Atlântico:



Era uma madrugada escura de tempo encoberto, sem traço de estrelas ou luar. Estava remando desde cedo procurando bem à popa o clarão por onde deveria nascer o sol. (...). O tempo não andava muito católico e eu aguardava ansioso as primeiras luzes do amanhecer para ter uma noção de como seria o dia. O mar poderia, às vezes por algum tempo, parecer o mesmo, mas o céu nunca. (...). Os primeiros sinais do dia que estava para nascer revelaram sombras escuras no horizonte. Não havia céu. Nuvens grossas corriam com o vento forte, baixas, não deixando espaço para o sol sair. Sem deixar os remos, eu olhava as nuvens tentando descobrir uma saída para o sol. E entre elas surgiu um vazio alongado por onde escapou a primeira luz do dia.


Aos poucos o escuro foi-se diluindo em direcção ao nascente e os encontros desse vazio tomaram uma forma achatada e definida que acompanhou as nuvens. A luz vermelha do dia entrou por ali, deixando claramente definido o formato de um tubarão. Incrível! Não tirava os olhos da estranha formação: um tubarão vazado no céu. Um perfeito tubarão! Uma pequena nuvem invadiu o vazio formando um olho. Outra desfiou-se mais em baixo. Era a boca. Barbatanas, cauda, proporções perfeitas. Não podia acreditar!




Tudo em movimento. O vento carregando as nuvens. Não parei de remar; continuei olhando ... O tubarão permanecia inteiro. Levemente passando do vermelho para o amarelo, os seus traços pouco a pouco se tornaram indefinidos, vagos, mantendo uma figura perfeita que parecia envelhecer. A pequena nuvem que fazia o olho derreteu-se e escorreu como uma lágrima arrancada pelo vento. E, por dentro do tubarão, o dia nasceu. No diário deixei escrito: “E o tubarão amarelo envelheceu e morreu chorando”.



(Amyr Klink, “Cem dias entre céu e mar”, ed. Companhia das Letras, 1995, S. Paulo – Brasil)

quarta-feira, agosto 27, 2008



Lábios de fogo

Este anúncio foi publicado em 1919, logo depois do início da proibição davenda e fabricação de bebidas alcoólicas nos EUA (a famosa Lei Seca). O texto do cartaz estava obviamente em Inglês. Agora, vai a tradução fiel.

Gente: olhem bem para elas e respondam: Vocês - deixariam de beber??????

E, agora, uma coisa a sério.

Depressão bipolar, um pesadelo!

Antunes Ferreira
É a primeira contribuição do grande Amigo que se chama José Magalhães Pequito. Tive a honra e o prazer de ter trabalhado com ele, durante oito anos, na Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, aqui em Lisboa – que, nessa altura, ainda era a nossa Ordem… E muito me ajudou a ultrapassar um pesadelo que se apossou de mim: uma depressão bipolar que durou cinco anos e… seis psiquiatras.

A sua Amizade foi providencial, tal como o facto de ter encontrado, felizmente, a Alice Nobre que me tratou, e de que maneira. De tal sorte que hoje lhe chamo a minha Santa da Ladeira… E ela deixa. Claro que tenho também de registar o apoio da Raquel, que me aturou a parvoeira durante esse longuíssimo período. No casamento, o padre, diz aos nubentes que se entendam «para o bem e para o mal». Mas não era preciso ter chegado a tanto…

É óbvio que os meus filhos, noras e netos também não me abandonaram nesses momentos que foram particularmente difíceis. (Mas, não me posso esquecer que até a minha neta Madalena tinha medo de mim, por me ver assim. Agora, já não tem...) Eu era um pedaço de granito, não abria a boca. Apenas dizia, com ar lúgubre e ausente «vou-me estender». Bendita paciência a dela e deles. Dos que considerava e sempre considerei amigos, uns quantos, relativamente poucos, deram-me a mão. O Magalhães Pequito – exagerou. O singelo obrigado é só o que consigo dizer.

Ora bem, feita a confidência acompanhada do agradecimento a todos, vou deixar o tema desgraçado e voltar ao bricalhão. Mas, tenho de o dizer, a convite da minha Santa da Ladeira, já contei em público essa dolorosa experiência. Hoje, sem vos pedir autorização, aqui estou a recordá-la. Espero que mo perdoem. Coisas…

Que siga a dança e que reine a Alegria. Aqui fica um motivo para umas boas gargalhadas. E espero que também o façam e que me e nos contem.

segunda-feira, agosto 25, 2008




Perfumes

E o prémio do feirante mais honesto vai para... Nunca tinha visto nada assim. E sei lá quantas feiras tenho no meu curriculum vitae. Esclareço: como visitante. Quem discordar, faça o obséquio de botar comentário. Quero ver quantos...

(Mais uma colaboração do meu akañado akuñado Raul Palhau. Ó Raul - tu não falhas. Manda sempre. Mais!)

domingo, agosto 24, 2008





Testar ou tostar?

É, é, é, é mesmo

Gente:
O prometido é devido. E para que não fique a dever nada a ninguém, podem estar descansadinha(o)s que eu, que não devo, não temo. Não sei o que me levou a escrever isto, nem, sequer o poquê. Deu-mo, porém, gozo. Em frente. Ando empenhadíssimo (andamos todos, carago!) em tentar arranjar prémios, ainda que pequeninos para os vencedores. Quando houver novidades, juro que digo. E, já que estamos lançados na Língua Portuguesa, a frase seguinte precisa de ser pontada para que faça sentido. Mãos à obra.

O QUE É É O QUE NÃO É NÃO É NÃO É É


NR – Esta é mais uma colaboração do Carlos Medina Ribeiro, dono e responsável – eu não escrevi irresponsável, ainda que a consonância na vocalização seja, por vezes, também muito traiçoeira… - do www.sorumbatico.blogspot.com, um blogue excelente, cheio de excelentes colaboradores, dos quais o que não é excelente, (aliás, a ovelha ranhosa) é um tal A. F., gordo, desajeitado e desavergonhado. A do bezerro, como terão visto, também foi dele. Muito obrigado Dom Carlos.

Aproveito para vos propor e, mais, recomendar a leitura quotidiana daquele espaço da blogosfera. Adito: nos Sábados não vale a pena. É quando escreve esse tal gajo que se encarrega de vos moer a cabeça aqui no Travessa. Mais faltava…

Espero e ambiciono que não seja caso virgem, o do Medina Ribeiro. Volto a convidar. Quem ache que tem «coisas» que podem interessar a malta e ser publicadas sob o título da secção Testar ou tostar?, é só mandar. O tal Aéfe anafado trata do resto. Obrigadinho.

(Foto-montagem óptima, surripiada do Blogue Zurraria*)


Évora e o 8 ou o 80

Antunes Ferreira
Pronto
, acabou-se. E foi o porta-bandeira da delegação portuguesa que a fez subir no mastro olímpico. Nelson Évora. Um novo herói a juntar aos três anteriores campeões olímpicos: Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro. E como continuamos a pratica um desporto tipicamente luso-especial – o 8 ou o 80 – de um dia para o outro, a desgraça tornou-se euforia. Já começáramos a dar uma volta com a Vanessa Fernandes de prata. Mas, não chegava. Agora – foi.

O pessoal já andava de muito má catadura com o mísero desempenho dos desportistas de verde e vermelho. Tinham-se criado expectativas outrossim muito características da nossa maneira de ser miscigenada. Íamos ganhar uma caterva medalhas! Tínhamos a melhor representação de sempre. O paraíso entreabria-nos as portas. Foguetes e champanhe já estavam na bagagem da delegação. Uma festa antecipada, olarilolé.

Começaram os sucessivos desastres, terramotos lusitanos em terra de terramotos… chineses. Uma gaita! Frente aos ecrãs televisivos a consternação já andava de braço dado com o insulto. Para quê terem ido a Pequim 67 praticantes? Para averbarem derrotas? Para apresentarem justificações bacocas para os respectivos desaires? Para fazerem turismo… olímpico?



Estas coisas têm o seu preço. Já não bastava o cataclismo da equipa lusitana. Ainda por cima, diziam uns quantos mais puristas «estes gajos da Comunicação Social são umas bestas» porque confundem Jogos Olímpicos com Olimpíadas. Toda a gente sabe que a Olimpíada é o período de quatro anos entre cada edição dos Jogos Olímpicos, desde que em 1896 ganhou corpo a ideia do barão Pierre de Coubertin de fazer renascer a tradição dos jogos da antiga Grécia.

Que se lixe a questão linguístico-cultural, retorquiam os menos abonados em conhecimentos de tal índole. «O que nos dá motivo para termos o pó que temos a esses gandulos é a imagem de parvos que dão de nós». Assim mesmo. De nós, leia-se, dos que ficaram por cá, sem fardas nem equipamentos, uns bons milhões. Os preços dos combustíveis, os crimes violentos e por aí fora eram minudências de um processo muito mais complexo – e grave: a figura de tanso. A famosa (estranha) crise fora de férias. E as Ligas só lá mais para o princípio de Setembro. Erro: a primeira já começou anteontem...

Nisto, o Évora tri-saltou. Calmo, tranquilo, sabedor do seu valor, consciente do que era capaz, aparentemente impávido e sereno – saltou. Três grandes pulos, ritmados, calculados, estudados e muitíssimo bem treinados, sacrificados – pelo menos nas horas imensas de trabalho do atleta. Saltou e ganhou.

Disse Tavares da Silva dos treinadores de futebol que hoje eram bestiais, amanhã já seriam umas bestas. Tinha inteira razão o prestigiado jornalista. Nós, os Portugueses, não somos de modas: militamos, convictos, em especial no sofá, por vezes na bancada, o oito ou o oitenta. Que nos havemos de nos fazer? Passe o pleonasmo e a construção espúria, está visto.

* A quem felicito pelo magnífico trabalho e peço desculpa pela malandrice que faço...

(Também publicada em http://www.sorumbatico.blogspot.com/)




quinta-feira, agosto 21, 2008

Testar ou tostar?

Saber a nossa língua


Ora aqui vai um desafio para quem quiser testar os seus conhecimentos de Língua Portuguesa. Se não fores capaz de dar a solução – ficas testado e… tostado. Na frase que está em baixo deverá ser colocado UM PONTO FINAL e DUAS VÍRGULAS, para que ela tenha sentido.Pensa e medita antes de responder. Não é difícil, mas é preciso ter atenção. Só depois envia a tua solução em comentário ou por imeile. Para este desafio ainda não há prémios. Talvez daqui a uns tempinhos… Quem sabe?

MARIA TOMA BANHO PORQUE SUA MÃE DISSE ELA DÊ-ME A TOALHA.

NR – É mais uma excelente colaboração do Leonel Gonçalves



Inventê o esperma

Antunes Ferreira*
O Manel Ribêro um dia emigrou para o Brasil e deixou a mulher, a Josefa, lá na Amareleja, Alentejo. Mal tinha acabado de chegar ao Rio, recebeu carta dela: «Olha amor, ê quero ficari grávida. Manda-me o tê esperma pelo corrêo. Bêjinhos no sítio do costume».

O bom do Manel, meteu-se na casa de banho, sentou-se na sanita, encheu o pêto de ari, e pensando na Zefa, bateu cuidadosamente uma… Recolheu, mais cuidadosamente ainda, o resultado que meteu num frasco esterilizado, e mandou por corrêo expresso. Na volta do correio, missiva da Josefa: «Mê querido, estou grávida». Manel rejubilou – era o primêro rebento.

Dez meses depois, repete-se o pedido. E a resposta foi exactamente a mesma. O nosso Manel já era um especialista na pun… e no frasquinho esterilizado. Carta enviada, resposta recebida: «Estou grávida». E foi assim durante uns dez anitos bem puxados. A família aumentava a olhos vistos e até o patrão, que por acaso até era mesmo muito amigo da Josefa, lhe ia mandando os parabéns. A prole já era composta de quatro filhos e cinco filhas.


Um dia, já farto dos onanismos consecutivos, e face a novo pedido da sua Zefa, o Manel misturou lête, clara de ovo e maizena, bateu no shaker e mandou no frasco mais cuidadosamente ainda, se era possível.

«Estou grávida» respondeu a Josefa. E o Manel: «Puta que o pariu! Inventê o esperma!!!!». E voltou, sastifeitíssimo, ao balcão de uma das oito lojas que já possuía. Quase tantas como os filhos dele. Dele, julgava ele.

*Com a colaboração do Zé Fonseca Filho, em Brasília



OURO!!!!!!!!!!!
Nelson Évora

Finalmente! Nelson Évora deu-nos uma alegria no triplo-salto. Fibra, calma, denodo, técnica, trabalho –
c-a-t-e-g-o-r-i-a!!!!!!!! As excepções (ele e a Vanessa Fernandes) a confirmarem a regra de que fomos mesmo maus em Pequim. Uma vez mais…
Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro têm um novo companheiro campeão olímpico. Obrigado.

terça-feira, agosto 19, 2008





O seio e o cotovelo

Ninguém vai para a frente se não abrir mão do orgulho. Aprendam com este:

Ao aproximar-se do balcão da recepção de um hotel, um homem, ao virar-se, esbarra o cotovelo no seio de uma linda mulher; Meio sem graça, meio envergonhado, ele diz: "Mil desculpas. Se seu coração for tão macio como seu seio é, tenho a certeza de que me perdoará." Responde a mulher: "E se o seu penis for tão duro como o seu cotovelo, o meu quarto é o 1221". Isto sim, é saber perdoar!!!


Origem: Brasil

O Erlic Figueiredo Ribeiro, goês da mais fina cepa (que ainda é meu primo, pois é primo da Raquel, costumo dizer que os goeses são todos primos uns dos outros e alguns franzem o nariz) mandou-me esta estória que lhe foi enviada do Brasil. Tenho de a publicar, sem falta e depressa, aqui no Travessa. Já está.
AF

segunda-feira, agosto 18, 2008



Não gostava
de me chamar Phelps

Antunes Ferreira
P
alavra de honra, que não gostava de me chamar Phelps. E então, nem pensar que o primeiro nome fosse Michael, para os amigos e outros, Mike. Abro uma excepção: adorava, porem, empochar os milhõezitos que o norte-americano ganhou com esta estória de levar de Beijing oito medalhas de ouro e sete recordes mundiais. Ora bolas: já agora, podia ter batido mais um WR e não se ficar apenas pelo Olímpico. Há coisas que não se fazem – nem a brincar. Este, para já, é um dos motivos da minha declaração inicial. Não gostava, pronto. Ponto.


Mas há mais. O pobre do Mark Spitz que se desunhara em Munique 72 para alcançar sete das boas, fiou, face ao ocorrido, a chuchar no dedo, c’a desilusão. O açambarcador de Baltimore pô-lo de rastos. Spitz ficou pelas ruas da amargura. Há coisas que não se fazem – nem a brincar. Anoto: segundo motivo para a minha afirmação já referida.

Siga a dança. Os traumas que os adversários do Tubarão sofreram – quem os paga? Phelps não, pela certa. Nadadores que passaram tempos enormes a bater as pernas em treinos consecutivamente permanentes, ficaram a bater os dentes. De frio, por mor do desengano, ainda que o cubo da capital chinesa não desse motivos para tal. Mas a alma enregelada é um drama. Há coisas que não se fazem – nem a brincar. Por conseguinte, terceiro motivo em que se apoia o primeiro parágrafo.

Há N motivos mais, mas não vou incomodar Vossas Insolências com uma enumeração que seria, no mínimo, uma concorrência desleal às Listas Telefónicas, incluindo as Páginas Amarelas. A panóplia seria, então, mais comprida do que a légua da Póvoa. Há coisas que não se fazem – nem a brincar. Eu, pelo menos, não faço. Já basta o Michael, para os amigos e outros o Mike.

Mas gostava que meninas que lhe apalpam os… abdominais, também assim me tratassem. Já sei, sou velho e sou gordo. E esqueci-me dos abdominais, nem sei sequer onde os terei deixado. Mas, para o caso (e para as jovens em causa) o cu nada tem a ver c'as calças. E, gostava principalmente, das ma$$a$. Mesmo em dólares. Ou em euros. Apesar da moeda europeia estar a desvalorizar em relação à americana. Mesmo assim, era tiro e queda.


«Morte na Picada»

na Feira de S. Bernardo

*Alcobaça - Pavilhão da APVG

É já no Domingo próximo, 24 deste mês, que vou a Alcobaça apresentar o «Morte na Picada» no Pavilhão da Delegação da Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra (APVG), na Feira de S. Bernardo. Ali estarei pelas 15 horas.

Esta deslocação decorre do convite que me foi feito pelo Zé Fialho, camarada da Blogosfera que, através dela me conheceu e contactou. É também um antigo combatente em Angola e membro da APVG. Aceitei, como é natural e óbvio, pois trata-se de mais uma oportunidade de conhecer nova gente ligada às guerras coloniais.

A APVG abrange todo o nosso País, contando com Delegações espalhadas ao longo dele. Espero que a iniciativa da Delegação de Alcobaça se possa estender a outras áreas.


Naturalmente aqui fica o convite às Amigas e Amigos que ali se queiram e possam deslocar. Não é preciso dizer que a vossa presença e a de quem vos acompanhar será muito bem-vinda. Lá as/os espero. E, um pedido:

Por favor, avisem as/os vossa(o)s Amiga(o)s e conhecida(o)s para lá irem. Sempre são mais uns me(a)us livrecos qu se vendem. E só assim poderei embolsar umas quantas - poucas - ma$$a$. Não esquecer: os euros estão cada vez mais caros e... raros.
Antunes Ferreira


sábado, agosto 16, 2008





Vou ali assaltar o Banco e volto já

Por Antunes Ferreira
«Vou num instantinho ali, assaltar o Banco, e volto já. Entretanto, quero uma bica cheia e escaldada, um copo com água fresca e um uísque com três pedras de gelo, em balão». O sujeito pôs óculos escuros Ray-Ban e certificou-se de que a Walther tinha o carregador atestado. Puxou a culatra atrás e, com a pistola destravada no bolso do casaco, saiu em direcção à dependência bancária.



O empregado do café nem pestanejou. Do hábito, era o trivial. Mas apercebeu-se de que no passeio em frente estava um outro fulano também com óculos fumados. Encostado em local proibido, frente à agência, havia um BMW com um fabiano ao volante, também oculado a tom castanho carregado. Cenário que lhe pareceu simples coincidência e não lhe quis dizer qualquer coisa. Foi-se a atender outros clientes ao balcão.

O mais chato foi que o freguês não voltou. Enfim, nada de grave. A bebida voltou para a garrafa, sem que a ASAE disso tivesse conhecimento. O café ficou-se pela gaveta redondinha da máquina, convenientemente calcada, felizmente que ainda não sujeita ao vapor cimbalístico. Quanto à água, que se lixasse. Na torneira era o que não faltava e o gelo ainda nem saíra do reservatório correspondente. Prejuízo – zero.

Depois, face ao estardalhaço que se levantara, ficou a saber que os três mânfios tinham basado com mais de cinquenta mil brasas, que o mesmo é dizer euros. Isto de acordo com o gerente – que se queixava de ser a terceira vez que tinha sido assaltado. Na mesa do fundo, o sôr Fagundes, reformado do Montepio, disse para quem o quis ouvir que, no seu tempo, «não havia destas modernices». O Freitas, desempregado profissional, assentiu com a cabeça.

Quiçá a pêjóta viesse a apanhar os gajos. Ele lembrou-se da doutora médica que no dia anterior contara à SIC a odisseia que vivera com refém. E dissera que eram necessárias medidas impedir tais atitudes criminosas. O povo não podia estar todos os dias sujeito a coisas dessas. Ela não sabia muito bem o que seria possível fazer – mas lá que era necessário, isso era.



Sendo assim, o Governo do Sócrates que resolvesse o imbróglio. Antes do mais, os tipos eram os culpados. De tudo e, no caso especial, dos assaltos aos bancos. O pessoal andava cheio de cagaço, a insegurança era o trivial, até se falava já em milícias para devolver às pessoas a tranquilidade e o sossego do espírito.

Dissessem o que dissessem, no tempo da outra senhora, havia decência, havia maneiras, havia respeito, havia ordem. Nos dias que corriam agora, o despautério era total, ninguém sabia a lei que existia – se é que existia – a vida era uma complicação. Democracia e Liberdade. Qual quê? Demagogia e libertinagem, era o que era.

O sôr Fagundes inclinava-se para o Freitas. «A crise. A crise é que paga as favas. Nós estávamos tão bem sem revoluções nem mudanças e hoje é o que se vê. O que é que você acha»? E o militante do descanso com rendimento mínimo: «O preço do pitrólio não é para aqui chamado. Cá para mim, temos de ter mais polícias, dos do antigamente, com cassetetes e tudo, esta malta gosta de levar porrada e só assim entra nos eixos»!



Ora bem: um chui a guardar cada cidadão. Ou, até, uma. O ideal. E, alem do mais, resolvia-se o problema do desemprego no País. Fosse outro que não o Sócrates e o caso mudava de figura. Olarila.

(Texto também publicado no www.sorumbatico.blogspot.com)

sexta-feira, agosto 15, 2008



RRRRSSSSSSSSSSS...

Divórcio justificado

Um casal, sentado em frente ao advogado.
- Que triste, tantos anos de união, o senhor com 89 anos e a senhora com 81 agora resolvem se separar. Me expliquem o motivo e, quem sabe, poderemos resolver esse problema e a felicidade volte a reinar.
- Ele tem somente uma ereção por ano...
- ...e ela quer que eu desperdice com ela.


NR – Não aguento. Juro que não aguento. Já me ri tanto que caí no chão. É uma barrigada. Ó José Fonseca Filho: tu mandas muito poucas – mas, muito boas!

O Zé Fonseca é um Jornalista, com caixa alta, brasileiro. Ele e eu ficámos amigos em 1988 (vão, portanto, vinte anos) quando corremos os Estados Unidos integrados no Programa Election Campaign, cobrindo os percursos dos então concorrentes à Casa Branca, George Bush (pai) e Mike Dukakis. De ano em ano, o Fonseca chegou a correspondente do Diário de Notícias em Brasília. Duplamente fiquei feliz com isso. Primeiro, porque fora eu a propô-lo; segundo porque a Direcção do DN o aceitou e nomeou.

Ao fim de um ror de tempo em que nos desencontrámos, ecce homo! O Chico Seixas da Costa, embaixador no Brasil e colaborador aqui do Travessa, descobriu-mo. Foi uma festa, como imaginam! O baiano tem um blogue: A Nossa Bahia. Está tudo certo e tudo óptimo, ou ótimo, de acordo com o fuso horário. O bandido enviou-me, agorinha, esta piada carregada de piada. Ela aqui está, com expressões e grafia tropicais. Fico, ficamos, à espera da próxima. Ainda me restam gargalhadas… A.F.

quarta-feira, agosto 13, 2008


VOOOOOOOLTAR...

Cheguei

Antunes Ferreira
O
lá gente!
Acabou-se a papa doce. Agora há que preguiçar militantemente - a fingir que trabalho. Voltei – ou melhor, voltámos, a Dona Raquelinha y yo mismo. ¡Con muchísimas cosas para contaros! Fíjense Ustedes que conseguimos sobrevivir a unos 45º a la sombra que hemos sufrido en Córdoba… ¡Menos mal que teníamos aire acondicionado en la habitación del Hotel! Y con una gente buenísima… Después os digo detalladamente.



Depois, estivemos uns dias no Algarve (à borla, em casa do compincha que é o Zé Graça Gago, ali a Montechoro, com figos fresquinhos apanhados à porta de casa, várias vezes por dia. E sem desarranjos intestinais...) e fizemos uma coisa interessantíssima: o passeio de barco no Guadiana, com partida em Vila Real de Santo António e chegada ao Pomarão, o antigo cais de embarque do minério das minas de Aljustrel. Quase doze horas excelentes, com Amigos, almoço a bordo e aperitivo de chupeta de atum e empadas de sonho. Os pormenores virão na altura devida, ou seja, um destes dias…

Durante esta minúscula ausência, o meu cunhado, ou akañado Raul Palhau lembrou-se de fazer anos. É d'homem. No entrementes, mandou-me este texto muito divertido que de seguida publico. Dá para rir – mas também para meditar. Coisas da vida... Si non e vero, e bene trovato.

PRISÃO

Passas a maior parte do tempo numa cela de 8 m2.

TRABALHO

Passas a maior parte do tempo num cubículo de 3 m2.


PRISÃO

Tens direito a três refeições por dia (de graça).

TRABALHO

Tens direito a uma pausa para almoço e tens de pagar pela comida.

PRISÃO

Sais mais cedo devido a bom comportamento.

TRABALHO

O prémio para o bom comportamento é mais trabalho.

PRISÃO

O guarda abre e fecha as portas para ti.

TRABALHO

Tens de andar com um cartão e és tu que abres e fechas tudo.


PRISÃO

Podes ver TV e jogar no computador

TRABALHO

És despedido por ver TV e jogar no computador

PRISÃO

Tens sanita privada.

TRABALHO

Tens de partilhar.

PRISÃO

A tua família e amigos podem visitar-te.

TRABALHO

Nem podes falar com a família e amigos.

PRISÃO

Tens todas as despesas pagas pelos contribuintes, sem precisar de trabalhar.

TRABALHO

Todas as despesas para ir trabalhar são por tua conta e ainda tens de pagar impostos para sustentar os presos...

sábado, agosto 02, 2008





MINI-FÉRIAS

Malta bué da fixe

Amanhã, Domingo, 2008-08-03, vão estar cheia(0)s de sorte: deixo de chatear-vos durante uns dias, poucos, mas bons.

Vamos de mini-férias, a Raquelinha & muá, para as Caraíbas, perdão, Badajoz y alrededores. Que é o que se pode arranjar… Voltaremos, se conseguirmos sobreviver e escapar, a 15 deste agostino mês. E façam o favor de ser felizes* - se forem capazes

*Plagiando descaradamente o Solnado

sexta-feira, agosto 01, 2008




Ida aos figos

Em uma cidadezinha do interior havia uma figueira carregada dentro do cemitério. Dois amigos decidiram entrar lá à noite (quando não havia vigilância) e pegar todos os figos. Eles pularam o muro, subiram na árvore com as sacolas penduradas no ombro e começaram a distribuir o «prêmio».

- Um pra mim, um pra você.

- Um pra mim, um pra você.

- Pô, você deixou esse dois caírem do lado de fora do muro!

- Não faz mal, depois que a gente terminar aqui pegaremos os outros.

- Então tá bom, mais um pra mim, um pra você.


Um bêbado, passando do lado de fora do cemitério, escutou esse negócio de «um pra mim e um pra você» e saiu correndo para a delegacia. Chegando lá, virou para o policial e disse:

- Seu guarda, vem comigo! Deus e o diabo estão no cemitério dividindo as almas dos mortos!

- Ah, cala a boca bêbado!

- Juro que é verdade, vem comigo!!!!!

Os dois foram ao cemitério, chegaram perto do muro e começaram a escutar...

- Um para mim, um para você.

O guarda assustado:

- É verdade! É o dia do apocalipse! Eles estão dividindo as almas dos mortos! O que será que vem depois?

Lá dentro, os dois amigos já estavam quase terminando...

- Um para mim, um para você. Pronto, acabamos aqui. E agora?

- Agora a gente vai lá fora e pega os dois que estão do outro lado do muro...

E depois?...
Mais uma contribuição excelente do Leonel Gonçalves. Esta, como se pode ver até pela grafia e construção da frase, recebida do Brasil. Dela não consta o que depois fizeram os dois que estavam do outro lado do muro... Mas, pode imaginar-se... Não resisto a publicar a estória engraçadíssima. Riam-se também, Amigas e Amigos. Rir (por enquanto…) não paga impostos… AF