segunda-feira, maio 15, 2006
O riso sem legenda
Mordillo, um dos cartonistas mais famosos do Mundo, do qual sou um fã incondicional, tem milhões de bonecos sensacionais. Humorista e desenhador sem palavras, Guillermo Mordillo viu a luz do dia a 4 de Outubro de 1932, em Buenos Aires. «O mesmo mês e ano em que nasceram Sempé, Quino, Ziraldo e Sounas» diz ele próprio. E segue «Aliás, Quino e Sempé nasceram no mesmo dia que eu, mas em cidades diferentes. Quino é de Mendoza, na Argentina, e Sempé de Bordeaux, na França», lembra ainda e remata «Creio que naquele dia vários cometas humorísticos cruzaram o céu.»
Correu várias partidas do Mundo e fixou-se em Palma de Maiorca, onde continua a desenhar com todo o fervor e graça, cada vez mais refinada. Também é dele a afirmação de que, ainda jovem, depois de ter passado pelos Estados Unidos, chegou a França. O seu francês, confessa, não era famoso. Por isso, começou a desenhar sem legendas. Era o primeiro passo no caminho para a Glória.
Quando se vê ali já à esquina o começo do Mundial germânico, há cartunes de antologia sobre o chamado desporto-rei que enchem as páginas de inúmeras publicações. Hoje, o autor de barrigudas e barrigudos, com grandes narizes abatatados, trabalha quase somente para órgãos de comunicação alemães.
Por isso o Travessa do Ferreira insere este apontamento. Com a certeza de que o artista, aos 74 anos, parece não sentir o passar do tempo. Caso, aliás, pouco frequente, mas encontrável: o nosso Manuel de Oliveira é um pouco mais idoso e continua a fazer filmes. Se os homens, um dia destes, se rirem mais e batalharem menos, o caso é absolutamente diferente.
Uma boa gargalhada é muitíssimo melhor, indiscutivelmente, do que uma assassina rajada de metralhadora. Há dúvidas?
A.F.
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