domingo, junho 25, 2006

(Foto Miguel Ferreira)


O gajo tem jeitinho
Este blóguio que vem andando pelas ruas da amargura, vai ter de passar a intitular-se quefamíliaestaadosferreirasetc.blogspot.com. Hoje, antes do jogão com os Países Baixos, estreia-se nestas andanças, o Miguel Ferreira que, vejam lá, é o meu primogénito e economista. O jovem a chegar aos 42 fez o que podia – ganda nojo! (Ver explicação no texto de sua autoria). Juro que não o ajudei, apenas limei, aliás cuidadosamente, umas arestas… da prosa. Aqui, muito à puridade: não é que o gajo tem jeitinho? A.F.

Lá se foi o México


Miguel Ferreira
Tudo começou no habitual almoço no Sr. Salvador, escondido num beco do Campo Grande. Estava eu a comer com os meus colegas, tranquilamente, quando demos pela chegada ao restaurante do director geral da minha empresa. Após alguns telefonemas à porta lá se decidiu a entrar e naturalmente convidamo-lo a sentar-se connosco. Mal iniciámos a conversa perguntou-me: Miguel, você quer ir ver o Portugal – México? Ao que respondi, totalmente apanhado de surpresa – conto vê-lo na televisão.

Mas não! Era para o ir ver directamente, ao vivo e a cores em Gelsenkirchen!!! Uau!!! Claro que sim!!! Vamos a isto!!! Nunca tinha visto assim um só jogo da nossa selecção e da Alemanha só conhecia o aeroporto de Dresden, a leste, onde ficara «detido» varias horas juntamente com a família e restantes passageiros, há uns valentes anos atrás, na volta de umas férias passadas na Roménia. Ainda aquilo era a chamada Alemanha Democrática - que disso não tinha nada, como pudemos comprovar.

Bom, mas deixemo-nos de devaneios e voltemos ao que interessa. O que me aconteceu é o chamado «estar no local certo, à hora certa!!!» Alguem não pôde ir à ultima da hora e sobrou um bilhete... Mal cheguei a casa contei todo entusiasmado o que se passara, ao que os miúdos me responderam: «Ganda nojo!!! (o que, na linguagem de hoje, significa sorte). É para todos??? A Mimi (assim chamam à mãe, Margarida de seu nome) também vai???» Sim? Não? Não. Fora realmente uma grande sorte mas só eu tinha sido contemplado.

E no dia 21 de Junho lá estava eu a acordar às cinco da manhã, pois tinha que estar no aeroporto às seis e meia, como se combinara. Correu tudo lindamente, sem trânsito àquela hora da madrugada; cheguei 15 minutos antes do previsto. O avião era um novíssimo Airbus A310-300, com seis anos, charter da White coloured by you, a antiga Yes mais conhecida por Maybe pois nunca se sabia se o avião deles da altura - o Lockheed 1011 – chegava a descolar - ou não…

Actualmente tudo mudou nesta lowcost da TAP: a imagem, o comportamento, o avião e os horários. Partimos dentro do previsto e foi uma viagem muito agradável de três horas, em executiva, até Muenster. O comandante muito oportuno e sensato nos comentários da bola, prévios às habituais informações do voo. A nossa comitiva era composta por sete pessoas: da minha empresa, cinco e dois clientes nossos.

Um pernil de porco (de passagem)

Durante a viagem, fiquei a conhecer por intermédio de um dos clientes convidados, que em Lisboa, numa transversal à avenida do Brasil, perto da rotunda do relógio, podia-se comer o melhor pernil de porco de Portugal! E não é que tinha toda a razão? Já o comprovei ontem ao almoço. Os irmãos Rocha não brincam em serviço...

Aquando da chegada a Muenster aconteceu-me algo absolutamente inédito. Logo à porta do avião tínhamos dois agentes da alfândega alemã para verificarem os nossos passaportes e ao fundo das escadas, na pista, os autocarros que nos levariam directamente para o estádio «sem passar na casa da partida e sem receber os 2000 escudos. Ah o velho Monopólio da minha infância.

O Estádio fica numa zona muito bonita. Parece uma ilha azul e branca num mar verde, dada a quantidade de árvores que o rodeiam. Mal entrámos, ficaram-me com a única garrafinha de água que levava. Quando toca a negócio, à FIFA não lhe escapa uma. Aconchegámos os estômagos com uns blockwurst no pão e umas belas sandes de panados, bem regados com cerveja a cinco euros o copo! Dizia-nos um dos convidados que era o primeiro sítio onde a bebida é mais cara que a comida... Mas não nos podíamos queixar pois dentro do estádio, nas bancadas, o copo de Coca-cola ou cerveja era a dez euros! Safa.

É, realmente, um espanto! Totalmente fechado, com um cubo, composto por quatro ecrãs gigantes, pendurado no centro e totalmente cheio por 52,000 espectadores que lhe deram um colorido extraordinário. Os tons, esses, eram verde, vermelho e branco! A maioria do pessoal era mexicano, mas nós, os tugas, quando quisemos também fizemos um barulho do caraças.

Olés dos speedy gonzalez

O jogo começou com os mexicanos a gritarem Olé... Olé...Olé... Os tipos começaram com a posse de bola, que trocavam entre eles. Estes gritos duraram até ao primeiro golo de Portugal. Então, replicámos com um grande Olé!!!!! A partir daí já não se ouviam mais olés dos speedy gonzalez, mas sim das nossas bocas: arriba, arriba iba, iba PORTUGAL!!!! E, de seguida, o segundo. As gargantas portugas, ainda que bem lubrificadas pelas cervejolas, já enrouqueciam.

E, na segunda parte, com o golo do México, Portugal ficou ligeiramente desorientado mas com alguma sorte e com a ajuda da Senhora do Caravagio, eles falharam um penalti e alguns remates à baliza do GRANDE Ricardo! No fim, o que interessa é que ganhámos mais uma vez. Três jogos, três vitórias e mai nada!!!

O regresso foi muito ordeiro e calmo. Os mexicanos, mesmo perdendo o jogo, estavam felizes e em festa por terem passado aos oitavos com Portugal e até nos aplaudiram à saída rumo ao aeroporto. A viagem de regresso fi-la, para meu azarado coração de leão, ao lado do actual treinador do Benfica - Fernando Santos – não muito falador mas quanto baste para um voo «agradável.» Estou a brincar, claro!

Foi um tipo porreiríssimo, que adorou as «bocas» do pessoal e até se deu ao luxo de entrar com oportunidade e espírito nas brincadeiras. A chegada a casa deu-se pela meia-noite com a reconfortante sensação de missão cumprida. Ganda nojo… E, agora, vamos à Holanda. Só que, desta vez, em casa…
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NR - E fomos! Maniche - 1; Robben - 0! Um jogo épico, disseram os presentes. Um jogo em que o Felipão foi, uma outra vez, mais português que os portugueses. Até disse, a propósito de uma atitude menos de Luis Figo que este não era o Cristo, pois só Cristo é que defendia que quando se leva uma tapona na face direita deve oferecer-se a esquerda.

Van Basten e os seus levaram para contar, como já se vai tornando habitual. O Erickson que se cuide. Sorry Sir, but we must win; we want to win!

2 comentários:

Anónimo disse...

O herdeiro tem pinta. O que é que ele faz? E a empresa? Se não vir inconveniente, Sr. Antunes Ferreira gostaria que lhe transmitisse por favor que sou Português e reformado e sigo, muito atento a carreira da nossa selecção.
E não gostei muito do Portugal-México, pois já mostrámos que podemos fazer melhor. E para tirar dúvidas a Holanda foi a testemunha de que assim pode ser.
Muitos parabens sr. Miguel Ferreira porque escreve muito bem e boa sorte para o caminho que nos falta, pois no Sábado vamos voltar a derrotar os bifes, nem que seja a penaltis. O GRANDE Ricardo encarrega-se disso.
Com as minhas saudações desportivas

Anónimo disse...

Sim, Miguéuizinho ... depois queixa-te do estomago ...