terça-feira, junho 27, 2006
Mundial – No Brasil é que é...
Antunes Ferreira
Futebol é loucura no Brasil. Total. Arrisco-me mesmo a dizer que, em comparação talvez desnecessária, quiçá mesmo estulta, o desporto-rei sobreleva o Carnaval e o samba. Embora as mulatas... Mas isso é outra estória, que um dia destes tentarei contar, ainda que salivando abundantemente, que o mesmo é dizer babando-me que nem um bebé. Se é heresia, que me seja desculpada. Mas, as vezes sem conta em que estive no País Irmão penso que avalisam esta opinião. No entanto, não deixo de acrescentar que presunção e água benta cada um toma o que quer.
O Brasil, como se sabe, é o Campeão Mundial de Futebol, em título. Cinco são as conquistas da Taça pelos escretes, desde 1958, na Suécia, numa equipa fantástica em que avultava um tal Garrincha, de seu nome Manuel dos Santos, o homem das pernas tortas, extremo direito endiabrado. E que repetiria o feito em 1962, tendo depois desaparecido dramaticamente. No entanto, foi então que despontou para a História do Mundo do Chuto, um miúdo chamado Edson Arantes do Nascimento. Mais conhecido por Pele. Melhor: o mais conhecido a partir de então. O Rei.
Tive o privilégio de assistir a jogos desse certame, tinha então uns 17 aninhos. O craque era da mesma idade, ainda que uns 11 meses mais velho. Recordo aqui as medidas especialíssimas adoptadas para guardar o guri das suecas que estavam doidas com ele. A polícia sueca, penso, nunca se vira metida em tal imbróglio. O atleta - que viria a ser eleito em 2000 pela FIFA como o Melhor Jogador do Século, num processo complicadíssimo – também repetiria o feito em 1962.Tudo pára no Brasil quando acontece mais um Mundial.
As esperanças de um Povo sofrido viram-se para o time que, para ele, é o timão. As opiniões sobre a escolha dos astros para a selecção, as análises pré e durante a competição são ferozes. Nós dizemos que em Portugal é que. Nada, meus irmãos, nada. Somos tão só aprendizes de feiticeiro perante o que se verifica por aquele imenso País. Por toda a parte, até nas terras mais diminutas, o que não é o caso presente. Só vendo, ouvindo ou lendo, Indescritível, Inconcebível, mas verdade absoluta.
O município de Itupeva tem cerca de 30 mil habitantes, para mais e não para menos e fica situado no Estado de S. Paulo. Não se espantem. Tem um periódico informático, o Jornal de Itupeva. É nestes pormenores que se vê a grandeza do Brasil. Tudo acontece numa terra que Stefan Zweig chamou «o País do Futuro», título de livro e anátema histórico que até hoje persiste. E que tem de ser eliminado. Porem – quando? Juntem-se então os fios desta meada.
É precisamente o Jornal (cibernético) de Itupeva que, na sua edição de hoje, publica uma crónica assinada por Carlos Justino da Silveira, seu colaborador, que é professor há 35 anos, graduado em Pedagogia, Mestre em Administração de Empresas e Controladoria, e que é actualmente especialista em consultoria e formação de pessoal. É o titular da cadeira de Gestão Manufactureira e de Serviços no Centro Universitário de Santo André.
Trata-se de um texto paradigmático e bem ilustrativo do que atrás escrevi. Quando decorre o Alemanha 2006, quando Portugal ali participa com sucesso, sob a liderança do Campeão do Mundo em 2002, Luiz Felipe Scolari, é com todo o prazer que aqui publico o artigo, respeitando, aliás, a grafia do Português escrito no Brasil, apesar do famigerado Acordo Ortográfico. Muito obrigado Jornal de Itupeva, muito obrigado Professor.
Sequestraram nosso futebol
C. Justino da Silveira
Caros amigos, não sei por que ainda não me entusiasmei com o futebolzinho que está jogando nossa seleção, até então tida como a bam-bam-bam da Copa 2006, porém o que nos foi mostrado até agora, só pode ser piada e de péssimo gosto, o tão decantado «quadrado mágico» está mais para «quadrado trágico», exceção se faça ao Kaká, os demais estão quilômetros luz de distância dos jogadores que conhecemos, daí vem minha falta de entusiasmo...
O nosso «camisa nove» Ronaldo está pra lá de Marraquesch, se ele não está gordo, o que diríamos do Jô Soares, por tudo o que o Ronaldo já fez pela seleção em outras épocas, deveríamos poupa-lo do ridículo a que está sendo exposto, sem criatividade, sem mobilidade atlética, o que culminou com aquela furada trágica no último jogo com a Austrália, sofremos para ganhar da Austrália que não tem nenhuma história no futebol...
A situação está tão ruim que o nosso Querido Bussunda, não agüentou o que viu contra a Croácia e preferiu subir para o outro plano, talvez lá a seleção formada pelos nossos craques que residem no céu possa alegrá-lo, e que o craque do humor nacional descanse em paz, junto ao Senhor...
Falar de Bussunda é falar de um flamenguista juramentado, que adorava a sua profissão ou missão de fazer rir, com seu humor inteligente, muitas vezes não precisava nem falar, seus trejeitos, seus cacos, seus personagens nos divertiam, principalmente quando encarnava algumas «figuras nacionais», estas sim dignas de serem escrachadas, pelas besteiras que dizem, pelo que deixam de fazer, e o Bussunda os satirizava com uma caricatura mordaz...E lá se foi um dos grandes comediantes, um dos grandes criadores, que fazia do humor sua profissão com muito amor, se foi na flor da idade, moleque ainda, antes de completar seus 44 anos de vida...
Mas voltando a pelota nacional, nossa bola está pequenina, está mais para bolinha de gude, do que de futebol, ou como dirão alguns, nossa seleção está sim escondendo o leite, só espero que não escondam tanto, pois após o Japão do Zico, começa a fase mata-mata, perdeu volta pra casa, e não adianta chorar e procurar explicações, não é pessimismo não, é puro realismo, estamos enganando bem...
O Kiko, ou melhor, o técnico Parreira precisa urgentemente sair de sua teimosia, tirar os bondes do ataque, e colocar os moleques que estão estourando nos treinos, que tal «quadrado prático» formado por «Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Fred», com certeza com sua mobilidade e movimentação este quarteto colocará as defesas adversárias em polvorosa, talvez consigamos libertar o nosso futebol...
Eu sei, sou só mais um dos 180 milhões de treneiros nacionais, que palpitam nas escalações, mas nós brasileiros de alguma coisa entendemos, podemos não entender coisa nenhuma de política, se é que pode ser entendida, mas de futebol ainda entendemos muito, tanto que não podemos aceitar este futebolzinho meia boca que estamos jogando, estamos muito longe de nossas possibilidades, de nossa real capacidade...
Enquanto a seleção não deslancha em terras alemãs, em nosso país as inaugurações estão correndo à solta, o que tem de «Pedra Fundamental» sendo inaugurada é uma barbaridade, daqui a pouco faltará pedra em Itu e região, lá pelo nordeste tem aeroporto que está sendo inaugurado após seis anos de funcionamento, ou seja, a desfaçatez é tamanha que não importa a sacanagem, o que importa é enganar a patuléia, o que resolve é chegar ao desplante de dizer que foi «ele» quem descobriu o litoral do Piauí para o turismo nacional, do jeito que a coisa anda, dentro em breve estará inaugurando o “Museu do Ipiranga”, a Rodovia dos Imigrantes, e fundando a Televisão Cultura de São Paulo...
ACOOOOOOORDA BRASIIIIIIIIIIIIIIL, pois o cara é tão escrachado, e disfarçado, que mente e não fica vermelho, até porque já está vermelho demais e com as faces um tanto quanto inchadas, acredito que deva ser de tanto viajar e de tanto inaugurar: projetos, planos, idéias, vontades, intenções, porque de trabalhar mesmo não é, «ele» nunca foi muito chegado... O Ministério da Educação e Cultura informa: «Errar é humano», porém, «Repetir o erro é no mínimo burrice...»
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2 comentários:
Olha este! O Brasil deu 3-0 ao Ghana e podiam ser mais! O Professor deve ter mais cuidado com o que escreve. Agora, virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Estes brasileiros conseguem ser piores do que nós. Tenho dito.
O Luisão diz que seria «bastante interessante um Portugal-Brasil na meia-final.» Mas, claro, que passasse o verde-amarelo para se sagrar pela sexta vez Câmpeão Mundial.
O gigante do Benfica que tome cuidado. Mas, antes, tenho de dizer que ele merecia jogar pelo menos uns minutinhos, pois os títulos ganham-se na relva. No banco, sofre-se.
Porem, porquê o aviso para tomar cuidado. E se o Brasil não conquista o hexa? E se os portugueses trouxerem a Taça?
Para já, vamos ver o que dá no sábado. Para mim, sem dúvidas, vamos ganhar. E sem o malandro do Ivanov...
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