segunda-feira, fevereiro 05, 2007




Porrada, pessoal, porrada

Através do site da Embaixada de Portugal no Brasil encontram-se temas muito interessantes. Já aqui o referi: trata-se de uma iniciativa de grande alcance, a que meteu ombros uma pequena equipa que trabalha na representação portuguesa em Brasília, tendo à sua frente o embaixador Francisco Seixas da Costa. O exemplo bem poderia ser seguido noutras legações.

Já demos neste blog conta do que foi um escrito (???) incrível de um tal Polibio Braga e da resposta que Seixas da Costa lhe endereçou. O assunto, de tão mesquinho que foi, nem merecia mais do que isso. Mas – há sempre uma adversativa – o site indica que o Paulo Torck deu uma trancada no sobredito «jornalista».

O Travessa do Ferreira foi de seguida à busca do texto. E alem dele, descobriu um outro, de um outro Paulo. Enquanto o primeiro escreve a partir de Lisboa, o segundo, que não menciona apelido, fá-lo de Porto Alegre. Ambos se referem à inqualificável prosa de forma que não permite albergar quaisquer dúvidas. Eles aí ficam. Peço-vos que, querendo-o, digam o que lhes aprouver sobre isto. Para já, ficamos assim.
A.F.

Os dois Polibios

N
asci no Brasil e lá vivi metade da minha vida. A outra metade foi vivida cá em Portugal. Por isso perturba-me profundamente assistir a momentos de desarmonia, contrariando o discurso de “países irmãos” que, ao longo dos anos, ouvi e senti de igual forma em ambos os lados do oceano atlântico.

Tal como acontece em qualquer relação entre irmãos, as relações sociais entre brasileiros e portugueses por vezes crispam nos momentos de discórdia, não por causa das diferenças, mas pelas semelhanças culturais. Afinal, o que importa se alguém nascido no “Longistão” critique negativamente o nosso país? Por outro lado, quando um irmão fala mal do outro, a razão desvanece e a emoção desponta.

Não se pode agradar a todos, mas Portugal anda muito perto disto. Quer sejam brasileiros ou não, quem conhece este pequeno paraíso fica sempre bem impressionado, embora muitos portugueses tenham alguma dificuldade em reconhecer as próprias qualidades. Não conheço as estatísticas, mas baseando-me pela minha própria experiência através dos depoimentos de brasileiros (e não só) que visitaram Portugal, confiro a quase unanimidade de opinião de quão magníficas são as terras, as pessoas e as coisas. Um sentimento genuíno, e que muito me agrada ouvir, pois já não pertenço a uma única pátria.

Com a minha vida dividida entre Portugal e Brasil, não consigo identificar o que realmente nos separa. Por isso, é com indignação que verifico haver pessoas, como o tal senhor de nome Polibio Braga, auto-intitulado “jornalista”, tenha espaço nos meios de comunicação para expressar opiniões de forma tão superficial e inconsequente, o que não condiz em absoluto com as atribuições de um jornalismo, digamos, sério.

As suas divagações antropológicas sobre Portugal e o colonialismo estão mais próximas dos delírios de um fascista embriagado com a própria glória de reconstruir o mundo segundo os seus ideais de desenvolvimento e prosperidade económica.

Sobre as suas experiências em terras lusas, fica a frágil e pálida noção de um descritivo medíocre e inocente, como se tratasse de um diário de férias de uma adolescente com vontade de perder a virgindade.

Claro que ao fim de alguns dias de turismo pode haver um momento menos agradável, um tratamento menos digno, um aspecto menos espectável. Mas não se julga o "todo" por uma "parte", pois não há neste planeta um país que esteja isento de imperfeições. Mas o Polibio não explica, insinua. O Polibio não fundamenta, prescinde. O Polibio não conhece, imagina. O Polibio não sabe, finge.

E já que não estou a exercer a função de jornalista, posso muito bem seguir o seu estilo destrutivo e negligente para dizer, por exemplo, que o pobre Políbio deve ser um desgraçado. Deve ter adquirido raiva do mundo ao sofrer anos de chacota na infância e juventude, com a herança, não portuguesa, mas sim grega, dos seus pais que ao nascer lhe atribuíram o nome do famoso historiador peloponeso também conhecido como Polibius.

Isto dá o que pensar… Quantas pessoas já ouviram falar do grego Polibio? Penso que não muitas, embora possa estar enganado, e haver inclusive muita gente com bons conhecimentos de história. Mas certamente não corro o risco de estar enganado quando digo que, antes desta polémica, poucas pessoas conheciam o brasileiro Políbio, quer no Brasil quer em Portugal. Por isso anexo mais uma qualidade ao senhor Polibio, o de saber chamar a atenção sobre si mesmo. Será, afinal, que é esse o seu objectivo?

Por isso vos peço, coloquem o Polibio “Historiador” no pedestal dos nobres, e o Polibio “Jornalista” na vala dos medíocres.

Paulo Torck
Lisboa

Paixão Portugal

Pois vivo no Brasil desde que nasci, conheci Portugal, para onde fui muito menos do que gostaria e, tendo nascido em Porto Alegre, onde vivo até hoje, muito me envergonho deste meu conterrâneo, por quem nunca consegui ter a menor admiração.
Essa não foi a expressão da opinião dos brasileiros que conheço, daqueles que viram Portugal e, como eu, se apaixonaram.
Tenho o desejo de pedir perdão, por menos que compartilhe desta opinião, vontade de dizer que me envergonho de ter nascido na mesma terra que ele, mas não, preciso dizer, ele não é a nossa opinião.
Irmãos portugueses, sereis bem vindos sempre entre nós e recebidos da mesma forma carinhosa que nos recebem.
Meus maiores respeitos.
Paulo
Porto Alegre

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