sábado, abril 15, 2006

Amigos - alguns há

Antunes Ferreira
Numa quadra como esta que atravessamos com maior ou menor – ou nenhum – fervor, permanecem no local do pensamento, a que chamam cérebro, alguns elementos no mínimo, imprescindíveis. E ainda que corra o risco de entediar aqueles, creio que poucos, que ainda têm a subida paciência de ler estes gatafunhos informatizados, eis que, de novo, o tema da Amizade emerge num mar de águas paradas.

Já não preciso de explicar as minudências que ligam os amigos. De resto, as explicações são cada vez mais indesejadas, rarefazem-se, são uma espécie de lince da Malcata. E não se antevê nenhum programa, sequer intenção, de salvá-las desse cemitério dos elefantes onde o marfim abundava. Hoje, é o que se sabe. Daqui a pouco nem os proboscídeos.

Tenho, como já repeti até à exaustão, amigos de todas as qualidades, cores e feitios, espalhados por este orbe de que vamos dando cabo tranquila e paulatinamente. Desde benfiquistas até portistas, é um leque tão amplo como o que percorre o traçado do CDS ao BE. Por que bulas não havia de ter, outrossim, alguns saudosistas?

Sem adiantar muito, um exemplo apenas desta filosofia. Acabo de fazer compras pascais num hipermercado. Até aqui, o corriqueiro. Uma vontade aconchegada de verter águas contra a parede levou-me aos sanitários. Se calhar por mimetismo, se calhar pelos vasos comunicantes, aconteceu que entrei num dos privados. Fechei a porta, naturalmente, e eis-me perante as típicas amostras da veia grafítica lusitana.

O clássico «neste logar solitário…», assim mesmo com o; o refinado «o Joãozinho leva no…» e por aí fora. No meio do labiríntico fraseado, dois mimos: «SEXO SALVAJEM. Olá, eu sou a Jara. Fasso tudo. Telem…»; e, ao lado, em maiúsculas garrafais – VOLTA SALAZAR. Exactamente. Sic. Sem qualquer ponto de exclamação. Afirmação ou desejo? Venha quem vier – e escolha. Para porta de cagadeira, não está, de todo, mal, convenhamos.

Esta conjugação de alguma forma feliz do sexo salvagem com o frade de Santa Comba tem que se lhe diga. Diz-se que a salazarenta personagem teria morrido virgem não fossem duas fêmeas. Muitos, alegadamente bem informados, referem como a primeira a Senhora Maria, sisuda governanta do Esteves, embiocada a negro, aparentemente assexuada, mas…

Outros, porém – nada disso. Quem o levou ao castigo foi a francesa, jornalista, a Cristine Garnier. Que o entrevistou nos anos 50 e, depois… As fotos do entrecruzar de olhares entre o ditador de pacotilha e a redactora estão espalhadas por aí. E, se não houve nada, então o mosntro era mesmo capado. Das pupilas, duas, nem falar.

De qualquer forma, o amigo Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal Patriarca todo-poderoso, talvez o mais íntimo do Oliveira Baltazar, perdão, Sal-azar, e muito provavelmente seu pseudo confidente (o Botas, ao que consta, não os tinha) nem que fora seu confessor confessaria algo assim. O segredo é a alma do negócio, dizem os tratantes do comércio. E a grandeza do confessionário, dizem os tratantes da alma.


Tem o escriba um Amigo que não classifica, nem quer fazê-lo, politicamente. A não ser pela negativa. É o que eu chamo um gajo porreiríssimo. Até pertence ao grupo dos leões de Alvalade. Sem o Miguel Galvão Teles que é mais um do gang sucio. Tradicionalista, homem de palavra, conceitos rígidos, enformados no passado. Mas, um Homem de Bem, que não deixa um amigo só, nomeadamente em momentos mais críticos.

Escrevi mal, atrás. Mea culpa. Assim, tento aqui traçar-lhe o perfil, que para retrato a óleo não tenho aptidão. Nem pachorra No que concerne à política (a que ele chama politiquice), comunas, nem vê-los. A terminologia que aqui se usa é dele. Bloquistas, al paredón. Socialistas, os maus da fita. Maus? Péssimos. Escapa um que outro para se aplicar o teorema da excepção. Para ele, sou um xuxa, com cartão e tudo. E dos primeiros, o que, não fosse eu seu amigo, seria circunstância inapelavelmente agravante.

Acertámos, vão uns tempos, um trato: nada de política nas nossas conversas. Mesmo assim, ele descai-se, ao que se segue um sorriso meio malandro, meio de cumplicidade. Eu, que antes ripostava com muitas pedras na mão, hoje – nem pio. Tudo bem.

*****

Vejam-se alguns exemplos, aleatórios: José Sócrates, além de falso engenheiro (nem sequer se chegou à alameda Afonso Henriques, quanto mais o Técnico) é o paneleirote. Perdoar-me-ão o escrito, mas é a reprodução ipsis verbis. O parceiro, que é o actor X, até foi nomeado director do Teatro… do Porto.

O Vitorino não é do Governo, mas é um gatuno. De alto coturno. Não acreditam? Para já não falar no que anteriormente se passou, veja-se agora o caso Bragaparques. Não subsistem quaisquer dúvidas. Se não fossem as influências do poder socialista, tão corrupto como o citado António, já o pardal de perna curta estaria em…, sei lá, Caxias, Peniche ou Tarrafal, aqui com o necessário beneplácito do Presidente de Cabo Verde.

O gajo da Economia – o Manuel Pires – é uma besta chapada. Tudo aquilo em que se mete dá buraco. O homem é tão mau que já lhe foram tiradas todas (ou quase todas, vá lá) as competências que teria. Querem mais? O famigerado Plano Tecnológico, que é, igualmente, um atoleiro e não avança nem recua: faz que anda mas não anda, como dizem os brasileiros. O homem que se cuide. Um destes dias nem no Porto o deixam entrar.

O das Finanças, um Zé do Telhado a la socialista: tira aos ricos, para… não dar aos pobres. Teixeira dos Santos é duplamente culpado. Por ser o Ministro das Finanças e o manda-chuva da Administração Pública. Reforma do Estado? Qual? Cento e muitas medidas? No papel, que é o que só faz este governo governado. O professor da Faculdade de Economia da Cidade Invicta já deu o que tinha a dar: porrada nos contribuintes, aumentos de impostos e, até, persegue os que fogem ao Fisco. Coisas...

Segurança Social? Qual? Quem é que mais se abotoa com massas que são de todos nós? Como? O titular da pasta é um pateta que quando abre a boca entra um regimento de moscas. Enquanto isso, mete a mão nos bolsos dos reformados, com a cobertura do Fernando portuense do Terreiro do Paço. De resto, um destes dias, tal como esta dupla sinistra já avisou, acabam-se os euros e os cêntimos e fina-se a dita Segurança. E anda um pobre-de-cristo a descontar uma porrada de anos para isto…

O Costa da Justiça? Então não viram maior cavalgadura? Por causa dele, a citada Justiça é só in. Tinha alguma coisa que se meter com os juízes? Com os Magistrados do Ministério Público? Com a Polícia Judiciária? Com os advogados? Com os funcionários judiciais? Até mesmo com os coitadinhos dos réus? A propósito. Grassa por aí o mais desenfreado banditismo e o crime aumenta todos os dias exponencialmente. E o poder assobia.

Donde, o outro Costa, da Administração Interna. Em vez de atacar a gatunagem, os falcatrueiros, os assassinos, os escroques, os chulos, os traficantes, os colarinhos brancos – o gajo ataca as forças de segurança. Nunca tal se viu, manifes de polícias e correlativos (a não ser num Governo laranja, mas foi caso espúrio, ainda que tenha sido o primeiro). Não há agente da PSP, não há soldado da GNR que o não abomine. Nem a Polícia de Fronteiras escapa, meninos.

Poderia ir por adiante. Focar o caso do louco Campos da saúde… Mas encerro com o traidor. O execrável Freitas das Necessidades – e das necessidades. Não contente de ser um trânsfuga, um vira-casacas, um safardana, ainda se dá ao luxo de defender os árabes e vituperar os cartonistas dinamarqueses. Ora essa! Onde está a liberdade de criação? Temos de nos pôr quotidianamente de cócoras – e voltados para Meca?

Ora aqui está. Não temos um governo – temos um boião de propaganda. E a ser governo, é tão só virtual. Não existe uma acção verdadeira. Há só promessas e projectos. Já nem se passa do papel; não se sai, sequer, do teclado. Este País assim não se safa. Enterra-se cada vez mais. Enterra-se? Já está enterrado, nem os pés prá cova já tem direito a ter. É um refrão. RIP.

E o que, apesar de tudo isto, o Executivo já fez? Sem comparação com qualquer outro anterior? E a coragem que exibe e usa? E o que já deu publicamente conhecimento do que começou a fazer e continuará? E a realidade? E o MIT? E o Bill Gates? E a energia eólica? E a informatização do País? E a aposta na Ciência e na Investigação? E a moralização na Segurança Social? E a justiça tributária? E a redução do malfadado défice? (Que, anote-se, e ainda segundo o senhor em causa, é de inteira culpa do Guterres). Olhem lá: lembram-se do lobo e do cordeiro?

Exaro aqui, de vontade própria e sem que ninguém mo tenha solicitado: subscrevo 92,5 % daquilo que o Executivo tem feito. Estou seguro que ninguém tentaria sequer encomendar-me o sermão. E não se trata de apoio por solidariedade partidária. Que fique claro: José Sócrates e a sua equipa já fizeram mais neste período de governação do que outros ao longo de décadas. Com coragem, determinação e objectividade. Até com teimosia. Talvez disparando simultaneamente em demasiadas direcções. Aqui, nem o Lucky Luke.

Pois é assim, gente. Este cidadão que vos pintei é anti-socialista primário, binário, terciário e quase septuagenário. É absolutamente real. Vive. Creio que amargurado, mas vive. Os amigos ficam contentes com isso; entre eles, eu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como o Mundo é pequeno...
Poderá V. Exa. nao saber, mas a sisuda governanta de Salazar, a que dá o nome de Senhora Maria é da minha Família.
V. Exa. nao a conheceu de forma alguma para que possa dela tecer dela os mais pequenos comentários, até mesmo, porque independentemente de se tratar de alguem que usa o mesmo nome que eu, era uma pessoa séria, amiga e de caractér induvidavel, palavra que talvez nao conste do seu dicionário, pelo tanto que aqui já li.
Creio que se deverá conter nos seus comentários, porque o jornalismo meu caro, se nao tem, deveria ter os seus limites e os que o fazem capacidade mental para o descobrir.
Por recomendaçao de uma pessoa amiga que está a viver nas colónias, fiz uma digressão por este seu blog.
Nao concordo com muitas das suas opiniões, mas cria-o como um bom jornalista, até mesmo por ser já conhecedor de algumas das suas façanhas enquanto jornalista da RTP, mas acabei por descobrir uma pessoa pérfida e sem moral.
Poderá nao ter tido moral e bons costumes dentro do seu seio familiar, lamento, mas por favor, nao nos acredite todos iguais.