segunda-feira, abril 24, 2006

Não atam, nem desatam

Antunes Ferreira

Se um faz o mal, o outro arranca a caramunha. Parecem dois compadres à compita por um lugar… à sombra. Dois pontitos os separam, ainda com vantagem para os comandados por Paulo Bento. Aliás, deixem-me que vos diga este mais parece nome de Papa do que de treinador de futebol. Mas, pelo que se tem visto, até é.

Já os orquestrados pelo senhor Koeman, que também é Ronald, são de outro sofrimento. Não é que os leões não o tenham, bem pelo contrário. Mas os vermelhos têm vindo a insistir na asneira. Olá, mas os de Alvalade também. Serão irmãos gémeos, ainda que de cores diferentes? Ou, ainda pior, talvez sejam siameses. E, parece, não há cirurgião que os consiga separar. Unidos, de resto pela (má) cabeça.

Já os tripeiros são outra loiça. O patrão P da C, por mais apitos dourados, prateados, platinados, cobreados, que lhes possam cair em cima, esfrega as mãos por causa das bolhas fruto das palmas. Os ditos instrumentos monocórdicos, aparentemente esquecidos, não lhe fazem mossa. Os dragões, carago, nom som de modas; bai tudo a eito, canudo. E mudos, que o chicote estala.

No sábado, à mistura com porrada q.b., foi a festa no 25 de Abril. Estádio, meus amigos, estádio de Penafiel. O outro é só amanhã. Como? O quê? Não sabem? Então não se lembram do que aconteceu em 1974? Ah, sim, lá vem a estória de que eram muito pequenos, alguns mesmo ainda não tinham nascido. Mas há milhões e milhões de humanos nessas condições que comemoram o Natal a 25 de Dezembro. Sempre!

Pois os portistas sagraram-se uma vez mais campeões. Nada mais fácil; face a concorrentes como os dois deslavados lisboetas, é como tirar o chupa-chupa a um puto de cinco aninhos. Talvez o exemplo não seja feliz. Há catraios que dão muitíssimo mais canseira ao assaltante. Mons parturiens.

Desgraçadamente – é assim. Bem podem os Vieiras, Veigas e outros tentarem ser Francos. O que é evidente é que os verde-e-brancos, para lá das escorregadelas que já são habituais, ainda se arriscam a cair nas urnas, no muito próximo dia 28. Um Mendes, um Soares e um Guilherme são mais denominações políticas do que desportivo-leoninas. Mas, tudo indica que foi o se pôde arranjar.

E pronto. A Liga das Apostas Ilegais caminha para o fim. Da competição, infelizmente. No estado em que se encontra o chuto na canela indígena, só mesmo uma lotaria televisada é que vinha para este paísinho patrocinar tais cenas. Totalmente e permanentemente chocantes. Mas, por mal dos nossos pecados, para todas as idades. Se esta terra fosse como a dos vizinhos do lado, árbitros, dirigentes, negreiros (que o mesmo é dizer agentes FIFA), mesmo alguns ditos técnicos e uns quantos jogadores – todos al paredón!

Mas estamos por aqui, plantados à beirinha da água do mar poluído. Nós também poluídos. Esta merda desta terreola não ata nem desata. Tal qual o Benfica e o Sporting. Mal parecia que assim não fosse: são portugas. De nome, porque de futebolistas é outra a conversa. Aliás, num tal potpourri nem se sabe como eles conversam. A pontapé, tá visto. E até à bofetada.

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