terça-feira, abril 18, 2006

A ponte a pé

Antunes Ferreira

A ponte aí esteve. A rebentar. Abrenúncio! Uma ponte a rebentar, como se fora na II Guerra, Coreia, Vietname, Bósnia, Iraque e outros quejandos, não é, forçosamente, algo que se exare em qualquer suporte que se utilize. Veja-se, somente a título de menção, o que aconteceu à malograda que tentava atravessar o rio Kwai. Bom, então - a rebentar, pelas costuras.

A ponte que aponto e que penso que mais alguém também aponte, não é a ponte Vasco da Gama ou a ponte 25 de Abril; nem a de Dom Luís, a do Freixo, a da Arrábida ou a do Infante, obras de arte de arquitectos e engenheiros; muito menos as pontes dentais, igualmente obras de arte, mas de dentistas, odontologistas e correlativos. Falo da ponte que decorreu até domingo, por força da Páscoa. Essa, sim, foi uma ponte e tanto. Há até quem diga que uma tal ponte lhe causou uma ponte, digo, ponta tremenda. Há gente para tudo.

Quinta-feira é... o quinto dia da semana; tem por hábito anteceder a sexta, que é, coincidência ou não, o sexto. Ora estas foram santas, o que resultou num feriado com todos, qual bacalhau cozido. E o sábado que se seguiu, pasmem, sendo a véspera de domingo, o de Páscoa, também alinhou. A não ser assim, ficaria um pouco à maneira de um galheteiro a que faltasse o azeite. Logo, a conclusão impunha-se e impôs-se: ponte. Para um país em que as pessoas se esfalfam a trabalhar, é bom que as tenham deixado fazer tal. Mas também não vem mal ao Mundo que lhes sejam outorgadas mais uma que outra ponte. Apontem, por favor.

Para a semana é o 25 de Abril, por enquanto e ainda, feriado. Muita gente se interroga porquê. Não se preocupem, Amigos. E não respondam a provocações. (Esta frase tem copyright). A data calha à terça-feira. Daí que à segunda chamar-se-lhe-ia um figo. E na seguinte, o Primeiro de Maio é uma segunda-feira. Porque não alargarem-se as comemorações do Dia do Trabalhador à terça, 2? Assim, sim. Assim é que dávamos nos vinte da produtividade. E sempre descansávamos do feriado.

Parece-me ouvir uns ruídos que tomo por salutares manifestações de discordâncias diversas. Excelente. Democracia é isso mesmo: poder discordar-se e poder dizê-lo. Ora bem. Esta seria mais uma oportunidade para as oposições se atirarem por antecipação ao Executivo Sócrates. Mesmo que não venha a conceder uma só ponte que seja, o culpado do calendário é o engenheiro. Toda a gente o sabe. Até o São Pedro, tradicionalmente ligado a tais eventos.

Bom, toda a gente, toda a gente, não será bem assim. Esses tipos das sondagens dizem que os portugueses voltariam a dar a maioria absoluta aos socialistas. Claro que sondagens e inquéritos são o que são – e valem o que valem. Mas parece que os cidadãos ouvidos responderam sem grandes hesitações. Tresloucados sempre os houve, há e haverá. Então não querem lá ver... Com tantas maldades por parte do Governo, de que têm sido vítimas, os lusos ainda voltariam a meter nas urnas os votos para que nova vitória do PS se verificasse.

E as oposições? Estarão condenadas, nos tempos mais próximos, a chuchar no dedo? Ou será que o senhor Dr. Mendes, o senhor Dr. Castro, o senhor Dr. Louçã ou o senhor Sousa não serão alternativas válidas? Estulticia. Qualquer deles daria, por certo, um melhor primeiro-ministro. Só os estúpidos dos eleitores é que não vêem uma coisa tão simples.

Bom, vai o mísero autor pregar para outra freguesia. Aqui, já deu o que tinha a dar. Pontes novas – zero. Ainda que façam muita falta e continue a ser bem necessário que se inspeccionem e reparem as antigas que disso necessitarem. Mas a massa não abunda, dizem. Ponte, agora, só a pé. O que se chama a pontapé. Revejam-se, portanto, pontes, viadutos, passagens superiores e afins. Para que não haja outro Entre-os-Rios. Ponte, i.e., ponto final parágrafo.

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