quarta-feira, maio 02, 2007
Anedotas, leva-as o vento
Antunes Ferreira
Estamos perante uma invasão, um tsunami, um verdadeiro excesso na blogoesfera portuguesa. Pode-se perguntar, até, se a portuguesada trabalha, ou, no mínimo, se o faz nos intervalos dos mails que aparecem a uma velocidade tal que, ao pé dela, o Obikwelu é uma tartaruga, ou um caracol. Muito se tem apostrofado a falta de produtividade dos descendentes de Viriato. Este é, felizmente, um caso que é um desmentido de tal atoarda.
Não há blogue que não se preze onde se não poste uma graçola a respeito. O que nem é difícil pois os chistes e anedotas - mais rasteirinhas ou menos chocarreiras – são aos milhões de milhões, ou seja, e mais resumidamente, aos biliões, fórmula estranha de contagem nacional que manda às urtigas os mil milhões. Nisso, valha-nos alguém ou alguma entidade, somos originais. Ao menos.
A grande maioria dos meus correspondentes e Amigos tornou-se especialista neste corrupio informático. Que começa a cansar de tão repetido vezes sem conta. Pelo menos a mim. E não venham os batalhões de snipers dizer que é o que está a dar, que esta metralha incansável é bué de fixe e que é uma ganda cena. Ninguém me encomendou este sermão. Mas que o caso já toca as raias do inconcebível, toca.
Já todos perceberam do que estou a escrever. Do caso do «falso engenheiro». Que até a Procuradoria-Geral da República se prepara para investigar. Fosse Sócrates um ladrão indiciado, um corrupto apetencial, um assassino na sombra e o Ministério Público não fazia mais do que o seu dever. Ora, tanto quanto se sabe, o primeiro-ministro não se enquadra nesta galeria de criminosos mais ou menos comuns.
Para nós, Portugueses, o dizer mal é uma prática sem a qual não conseguimos sobreviver, quanto mais viver. Sabes a última? – era a pergunta dos tempos da Ditadura. Obviamente que era a última anedota sobre o Botas. Era, também, o tempo das revistas do Parque Mayer em que se dizia o pior (possível) sobre o Estado Novo/Velho. O que a Censura deixava. Ou, por vezes, aquilo que não entendera previamente. Censor não precisava de ser inteligente.
Somos militantes do dichote, praticantes do diz-se, associados do Clube da Má Língua. Não temos – ainda – cartão identificador de cada um destes procedimentos, mas quiçá o novo documento único já os inclua no seu chip. E bem que o seja. A insidia, o videirismo, o ultraje, a obscenidade, a par com a galhofa maior ou menor, já deviam estar informatizadas. Não estão. Culpa do Sócrates.
As piadas – de todas as formas, feitios e qualidades, algumas até bem concebidas e bem conseguidas – circulam na Net em tal profusão que não há anti-spam que as consiga reter, já que os McFee e outros não estão preparados para face, a elas, fazer delete. Porem, a esmagadora maioria delas é apenas acintosa, mal intencionada, rasteirinha. Nós que nos gabamos de ser os maiores produtores de anedotas em todo o Mundo, até já chegámos ao cumulo de adaptarmos ao nosso tempo, algumas cujas barbas já chegam a Plutão.
No inicio do consulado de Sócrates, foi implementada a campanha do menos homem. O primeiro-ministro era homossexual, vivia com um actor de nomeada, a mulher até o deixara por esse motivo, os dois filhos que tem não eram mais do que uma capa para cobrir as vergonhas. Até a sua relação com uma jornalista (que, entretanto, acabou) não era mais do que um álibi despudorado.
O boato, difundidíssimo, foi caindo aos poucos, viram quem o começara que já não dava mais nada, é melhor acabar com ele, já fez a sua época, ainda que não tenha tido o êxito esperado. Um aborrecimento. A vida é assim, cada vez menos fácil para os atiradores encapuzados e emboscados. Que nem sequer têm sindicato que os represente, defenda e a quem não pagariam quota.
Estamos, portanto, numa altura em que dar porrada em José Sócrates por mor das alegadas trafulhices dos seus diplomas académicos é o que está na berra. Tenta-se, assim, fazer esquecer o que tem sido a sua forma de governar, a coragem política que vem demonstrando ao avançar contra os grandes interesses e os correspondentes lobbies.
As Oposições não são lá grande coisa, o que Sócrates sabe, como o sabe uma esmagadora maioria dos cidadãos, mas não é por culpa dele. As sondagens – por mais que não se acredite nelas, outra típica postura lusitana – vêm dizendo que, apesar de tudo e das engenhocas engenhocadas, o PS continuaria, nas urnas, a alcançar a maioria absoluta.
Isto mesmo tendo em conta que o Governo socialista chefiado por José Sócrates (engenheiro ou não…) tem vindo a adoptar medidas que são tudo menos eleitoralistas. E os resultados vão, aos poucos, saltando à vista, o que não dá muita saúde aos que a isso se têm tentado opor.
Ainda ontem veio a lume uma notícia (mais uma) que dizia que o Indicador de Clima Económico progrediu em Abril para 101,6 pontos (mais 0,8 pontos) em Portugal, o nível mais elevado dos últimos 12 meses , de acordo com dados divulgados pela Comissão Europeia. Já vejo os habituais críticos de pé ligeiro, os difusores interneticos das anedotas, as carpideiras da crise, a comentarem sobre mais uma encomenda à UE.
No nosso País, a subida registada deve-se fundamentalmente ao aumento da confiança no sector dos serviços, verificando-se uma estabilização na confiança nos sectores industrial, consumidores e construção, e um ligeiro recuo no comércio de retalho. Em termos gerais, Bruxelas sublinha que a confiança também aumentou na Alemanha (mais 1,4 pontos), Polónia (mais 4,0), tendo diminuído na Espanha (menos 2,2), Itália (menos 1,1), e Reino Unido (menos 0,9).
Pronto. Continuem os autores/divulgadores a criar e difundir incansavelmente, as piadas sobre a qualificação académica de José Sócrates. A quem muitíssima gente continua a tratar por engenheiro. É uma verdadeira obra de misericórdia que assim façam. Espera-vos o reino do céu. E ainda que não seja crente, já o tendo sido, recordo aqui palavras de Jesus Cristo: «Muitos são os chamados e poucos os escolhidos». Mais ainda, no Gólgota: «Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem».
Se, porem, o quiserem e puderem fazer, vão-me poupando, aos poucos, no que toca a intromissão informática das ditas piadas. Já que os outros não o fazem - e estão no seu plenissimo direito de assim actuar - deixem-me descansar, ainda que por escassos minutos. Ó diabo. Lembrei-me agora da legenda calina da RTP do começo: «O programa segue dentro de momentos».
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10 comentários:
Então o menino sente-se «incomodado» com os mails que lhe mandam os seus amigos e correspondentes. Pobre criancinha a quem puseram de castigo com orelhas de burro.
Olhe menino sofredor, quem com ferros mata, com ferros morre!
Por mais que o defendas, o socrático é um mentiroso do catano!
Assim, nãi longe; nem ele nem tu que o defendes e não queres ouvir um Portugal inteiro a rir-se dele e do falso título.
E temos nós um «primeiro-ministro» pior que o Pinóquio! Não percebo, mas tu caiste na asneira de publicar uma foto elucidativa. Ainda tropeças ó Ferreira e cais...
Estou contigo. Também estou farto desta m... Até o crápula do Jardim se mete no assunto, usando-o como bandeira na «luta» que vai trvar contra a «mafia que se instalou em Lisboa» e que, continua o mal educadão, «vai ganhar». Juízo é que não ganha porque é incurável da grosseria e do insulto.
Eu não votei Sócrates, e agora tenho pena. Agora, VOTARIA! Engenheiro ou não, está a governar como um Senhor. E as bestas só lhe conseguem responder e tentar atacar através das anedotas mais... anedóticas. Oxalá não pare. Nós, os Portugueses, precisamos de um Homem assim: determinado, valente, e democrata.
PS - Aproveito a oportunidade para mandar um beijão à Ana (Anónima...) Salinas, a miúda das botas, que já tem de estar uma Senhora e, talvez com prole. Escreve mais, escreve muito, Aninhas. Não te conhecia a veia.
O que seria de nós sem a gente grada da nossa praça; sem o futebol;sem os nossoas magníficos políticos; sem as "m********as" que os jornais,TV "botam" cá prá gente; sem as canelas partidas deste e daquele "crack" que não pode jogar; sem as multidões na Cova da Iria a rezar a N.S. de Fátima; sem o fado; sem a música pimba, do Quim Barreiros; sem as "escandaleiras" do quotidiano; sem uns "coiros" rijos (políticos) que não caiem da cadeira (há por aí muitos que deveriam cair e não só o outro de lá de "xima" de Sta Comba); o Malato (que nos fas rir às bandeiras despregadas) e o seu concurso onde as suas palhaçadas de tom giríssimo.
Oi pessoal somos o que somos e temos o que merecemos!
Passem por aí muito bem e agora entretenham-se com o Jardim da Madeira e com a "maca" (zarilho) da Câmara de Lisboa.
José Martins
Acho de muito mau gosto o que se está a passar quanto às anedotas insultuosas e mal educadas. Algumas outras, até têm graça. Penso como o Dr. Antunes Ferreira: já chega. Deixem o Sócrates em paz fazer o que lhe compete. Depois, veremos. Nas urnas é que está a vontade do povo que somos nós.
Há uns meses que não botava faladura. Voltei a fazê-lo. Esperor vir mais vezes.
Prezada Senhora Marina Costa Santos,
Venha, claro está, todos os dias a este magnifíco blogue.
Acredite que todos os dias estou (quando em Portugal é meia-noite), para ver o que há de novo.
Nunca se sabe a surpresa que se vai encontrar, nas "teclas" do Dr.Antunes Ferreira.
Cá vou comentando alguma coisa, dentro das minhas possibilidades e "bagagem" que tenho.
Espero e de pronto que o Dr. Antunes Ferreira se pronuncie sobre o "milando" (zarilho em Moçambique) da C.M.de Lisboa, para "teclar" os meus comentários.
Saudações de Banguecoque (City of Angels)
José Martins
O que esses reaças querem é que o homem se chateie e vá embora. Têm cagaço dele e sobretudo do que está a fazer, que é só o começo.
Se não for o Sócrates a fazer avançar o nosso País, não há mais ninguem. O Baixino? Hahahahahahah O Paulinho? Hihihihihihih O Bloquinho? Heheheheheheh!!!!!!!!!
Siga em frente, Antunes Ferreira! Siga em frente, engenheiro Sócrates! Parabéns aos dois!
Chiça!
Tantos maricas a dizer bem de outro maricas. As pessoas têm memória. Alem de falso engenheiro, já era homossexual. Já chega! Sócrates vai-te embora!
A cruzada contra os lobbies, a que refere de forma tão meritória, posso entender que surge na forma de Maria Lurdes Rodrigues?
É que de Nuno Severiano Teixeira, temos visto muito, muito pouco...
Mas sim, tirar cursos-expresso não se compara, sequer, a diamantes angolanos. E nem piadas podemos mandar, porque não temos sindicato! Já outros, com o mesmo problema, têm sindicato, só que Ordem...
Como dizia Michel Foucault: "é necessário esconjurar os perigos do discurso".
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