sexta-feira, março 30, 2007


RODA DE FIAR

A condição diaspórica e a sua crítica


Referência:
METAHISTÓRIA
Autor: Vários (org. Charles J. Borges, S. J. & Michael N. Pearson)
Nova Vega, Lisboa, 2007
Colecção: Documenta Historica/Série Especial



Constantino Xavier
Não é habitual um investigador júnior intrometer-se numa homenagem a um reputado académico sénior. À partida, reconheço, portanto, as minhas joviais limitações, agravadas pelo facto de eu me situar numa área disciplinar diferente da da História, que tanto tem merecido a
atenção do Professor Teotónio de Souza. Mas é, talvez, justamente esta condição jovem que me faz merecer esta oportunidade, aliada ao facto de ambos partilharmos uma condição diaspórica goesa. O Professor uma de primeira geração e eu uma de segunda. É sobre esta condição
diaspórica, e sobre a urgência da sua permanente crítica, que eu pretendo reflectir neste espaço.
Professor Teotónio de Souza

(...)

A importância do trabalho e da carreira do Professor reside no facto de ele nos lembrar que a segunda face, a mais negra, nos acompanha constantemente. E fá-lo por via da crítica. Questionando a celebração, obriga-nos a voltar a pôr os pés em terra e a enfrentar a realidade,
por mais que isso nos custe. Recorda-nos que a condição diaspórica que glorificamos é, em larga medida, fruto da nossa imaginação e o espelho dos nossos medos e das nossas ânsias identitárias. E urge-nos a interrogarmo-nos sobre as reais vantagens e desvantagens, bem como as
oportunidades e os obstáculos, que rodeiam esta nossa condição.

É justamente aqui que se encontra a explicação pela hostilidade com que alguns sectores da nossa comunidade goesa, mas também da sociedade portuguesa em geral, têm recebido a valiosa obra e as reflexões do Professor. É natural – mas infeliz – que hostilizemos a voz dissidente
e crítica, que nos obriga a repensar e a interrogar aquilo que sempre demos por adquirido. Mas, por mais que se tente, é impossível silenciar essa voz que o Professor adoptou para si. Porque essa voz, cheia de interrogações, reside naturalmente e intrinsecamente em toda e qualquer condição diaspórica. O Professor tem-se limitado a activá-la e resgatá-la da passividade a que a procuramos condenar no seio da nossa intimidade – pessoal, associativa ou comunitária.

(...)


NE – Mais um colaborador – e mais um Amigo. O Constantino, de seu nome completo Constantino Hermmans Xavier é um jovem investigador que está em Nova Deli desde 2004. Conheço-o desde que era estudante, de casa de seus pais, o Aurobindo, goês, e a Margaret, alemã. Trata-se de um «miúdo», pois conta apenas 25 anos, mas já é um nome conhecido e reconhecido no universo goês – e não só.

No meio da sua intensa actividade académica ainda tem tempo para escrever para o Expresso, a Revista Atlântico e orientar e dirigir o supergoa.com que apresenta sobre a hora as novidades de Goa. Além, claro, do seu blog a
Vida em Deli que tem o respectivo link aqui na Travessa e com inteira justiça e justificação.

É do
Vida em Deli que passo a respigar os textos que entenda interessantes para quem lê o Travessa. Isto, como «aperitivo» porque quem estiver interessado vai mesmo ao blog do Constantino, através da linkagem. Aqui, e de acordo com ele, como é evidente, que autorizou tudo isto, eles terão uma «cabeça» própria: RODA DE FIAR. A roda que foi emblema de Mahatma Gandhi e que, por isso mesmo foi inserida no centro da bandeira da Índia.

O Constantino é leitor do Travessa, tal como eu o sou da Vida. Oxalá vão aumentando os que passam a ler um e outro. Um abração, Constantino.
AF

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