quarta-feira, março 28, 2007

DESTINO: MÚSICA



Os italianos dos 50s-60s

Tapman
A
cedendo a amável solicitação, aqui mando uma selecção com 20 canções do tempo em que ainda havia música italiana. Alguns temas emblemáticos terão ficado de fora, mas há sempre uma segunda chance, assim os passeantes pela Travessa do Ferreira o manifestem. O link, que se insere como habitualmente é

http://www.mediafire.com/?2ykeyefjdog


01 Domenico Modugno – Ciao ciao bambina
02 Gigliola Cinquetti – Non ho l’età
03 Emilio Pericoli – Al di la
04 Betty Curtis – Chariot
05 Arturo Testa – Io sono il vento
06 Corrano Lojacono – Carina
07 Bob Azzam – Romântica
08 D. Marino Barretto Jr. – La piu bella del mondo
09 Edoardo Vianello – Guarda come dondolo
10 Nicola di Bari – Chitarra suona piu piano
11 I Cinque di Roma – Stasera pago Io
12 Iva Zanicchi – Dio come te amo
13 Jimmy Fontana – Il mondo
14 Michele – Se mi vuoi lasciare
15 Mina – Tintarella di luna
16 Pino Donaggio – Come sinfonia
17 Ornella Vanoni – L’appuntamento
18 Renato Rascel – Domenica e sempre domenica
19 Patty Pravo – La bambola
20 Nico Fidenco – A casa d’Irene


A nota do Editor -O pinhal do Restelo

Mais músicas – mais música. O Tapman, cada tiro, cada tordo. Destas também eu gosto, e muito. Muitíssimo. Sou da colheita de 41, mais precisamente de 20 de Setembro, portanto imagine-se o que elas me cantam. Um homem não é de pau, diz-se e diz-se bem; tem memória. Recordar é viver, dizia a canção, aliás a partir de ditado que sei lá quantos séculos tem.

Andava eu pelos meus 16 aninhos bem medidos, nadava no Algés e Dafundo e dava os primeiros passos no rugby encaminhado pelo Dr. Manuel Matias, no Belenenses, quando o caso me aconteceu. Eu morava no Bairro do Restelo, o de baixo, de «casas económicas», onde, um dia, aquando da visita da Isabel II a Portugal aconteceu que um bando de polícias andou de vivenda em vivenda a dar uma ordem.

Qual era? Os pobrezinhos que por ali moravam tinham de tirar os respectivos carros estacionados nas ruas principais, pois no programa da visita de Sua Graciosa Majestade constava uma passagem por um bairro de pescadores (sic). Ora homens habituados às redes e outros aparelhos marítimos não podiam ter automóvel. Daí a intimação. O meu compadre José Hermano Saraiva, vizinho do lado, que viria a ser ministro da Educação e embaixador no Brasil, também tirou o seu Jaguar para as traseiras.

No canto direito das «lojas» – edifício que albergava os estabelecimentos comerciais e que ainda lá está, impávido e sereno, na esquina da rua de S. Francisco Xavier - tinha ficado das obras de construção (uns bons anos antes) um terreno baldio, onde o pessoal ia deitando uns lixos à sorrelfa, bem como cresciam uns cardos alimentados por tal húmus. O que deveriam ter sido os passeios nunca tinham passado do passado. Terra no Verão, lama no Inverno. Nem uma pedrinha de calçada. Apenas os lancis e upa, upa.

Pois na noite que antecedeu a visita real, pelas onze horas, dois camiões da Câmara Municipal despejaram ali um grupo de bacanos bem como um montão de pinheiros cortados no Monsanto ali ao lado. E passada a meia-noite, mais árvores natais serôdias. Os homens, então, convencidos de uma impunidade total, labutaram denodadamente até raiar a madrugada. Três cívicos e dois guardas-nocturnos vigiavam de beata ao canto da boca.

Fazendo o quê? Plantando um pinhal que nem queiram saber e que reduziria o D. Diniz a proporções microscópicas. Como. Espetaram laboriosamente os pinheirinhos no solo, de forma a ocultar a lixeira e os cardos viçosos. Simularam um passeio com umas quantas tábuas onde estavam pintadas pedrinhas mais ou menos alinhadas. E abalaram que o sol já subia no horizonte.

No dia seguinte a ilustre visitante, por falta de horário nem pela encenação a la Leiria passou. A sorte é madrasta. Mas os supostos impunes não o eram. Eu fazia parte de um grupo de galfarros que ensaiavam um roça-roça (que o Jean-Jacques também Rousseau) na casa de umas moças que ficava junto do cenário. Vimos tudo, ao som do Modugno, da Cinquetti, da Mina, do Carosone, do Marini, eu sei do que mais. E testemunhámos essa mentira arbórea, obra de um Estado que se dizia Novo, mas que agia como um velho desdentado. Que ainda não começara a sua curva descendente.

Os pinheiros enfezaram e secaram convenientemente
sur place, pois ninguém os foi recolher. Já se fora o casal real, donde. A zona voltou à condição de cloaca temporariamente travestida. E a malta daquele tempo – e eu sou disso um (mau) exemplo – sempre que ouve agora, ainda que rarissimamente os heróis vocálicos italianos, logo relembra o pinhal da rainha isabelinha, assim baptisado sem bênção nem hissope. AF


3 comentários:

Anónimo disse...

Que estranho. O link não funciona, tal como no primeiro número da secção. O pessoal que, como eu, ghosta disto, não fica muito contente. Espero ver isto resolvido, o que agradeço antes.

Anónimo disse...

Gostava de pedir ao Tapman que me informasse se há CD's do Renato Carosone e do Marino Marino e, se houver, onde os poderei encontrar e comprar. Muito obrigado

Anónimo disse...

Será que é possível termos, um destes dias, umas notas sobre o saudoso Nat King Cole? Este é um apelo ao Senhor Tapman (trata-se, estou certo, de pseudónimo...)que desde já agradeço.