sexta-feira, agosto 25, 2006





Uma verdadeira revolução na Medicina !!!!!!!!!!!!!!!!!

Células estaminais:
novo método de colheita


* Doentes com Cancro, Sida, Alzheimer, Parkinson, AVC poderão ter mais esperança

Antunes Ferreira
Uma esperança gigantesca surgiu na medicina. Uma verdadeira revolução. O anúncio de um novo método para recolher células estaminais fundamenta este enorme contributo para a polémica de há muito animada pelos defensores da utilização das células com a correspondente morte do embrião e pelos que em nome da ética e da moral a reprovavam e, até, a proibiam. Entro, assim, por um campo em que sou, porque naturalmente leigo, apenas, o transmissor de notícias veiculadas pelas agências e tratadas em grande parte dos nossos órgãos da Comunicação. A nova técnica vem deitar por terra os argumentos éticos dos críticos desta investigação que acusam os cientistas de destruir vidas.


De acordo com a Agência Lusa, que cita Rui Reis, presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular, o método anunciado ontem na edição electrónica da revista norte-americana Nature era procurado há vários anos por diversos especialistas. Com ele não há destruição do embrião e são obtidas células estaminais que podem ser uma resposta em terapias para doenças como a cancro, sida, diabetes, Parkinson, ou Alzheimer.

O geneticista Carolino Monteiro considerou, também em declarações à Lusa, que produzir células estaminais embrionárias sem destruir o embrião é uma «descoberta importante» porque escapa às questões éticas, dando mais um passo na direcção da terapêutica de doenças sem cura. Carolino Monteiro lembrou ainda que «os cientistas têm humanidade e trabalham para o bem». A ética, disse, «é fundamental e tem que acompanhar a evolução da ciência, mas não deve ser utilizada para fins moralistas». Porém, se agora foi descoberta uma forma de fazer investigação sem destruir o embrião, tanto melhor, porque «esta área é a única que terá as células mais adequadas para a terapêutica de doenças sem outro modo de cura, como as neurodegenerativas, o cancro ou a infecção por HIV», destacou.

Novidade extraordinária

No inquérito referido, o geneticista Mário Sousa, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, do Porto, considerou mesmo revolucionária a possibilidade de serem geradas células estaminais sem que o embrião humano seja atingido, tal como avançou uma empresa norte-americana da área da genética. «É uma revolução em medicina a confirmar-se quando se puderem repetir as experiências seguindo a metodologia que foi utilizada. É uma novidade extraordinária», explicou.

«De uma célula, conseguir proliferá-la em milhões de células estaminais, como as que são necessárias para a terapêutica de tecidos, é uma revolução médica, e é muito difícil de imaginar como conseguiram, mas o que é facto é que está aí a novidade», acrescentou. Mário Sousa disse mesmo que esta descoberta é de alguma forma semelhante ao mito de «transformar o ferro em ouro» já que assim se consegue ultrapassar o obstáculo de se remover uma ou duas células do embrião sem que elas morram passado um dia.

Por seu lado, Rui Nunes, professor de Bioética da Universidade do Porto, também concordou que caía por terra o problema ético, uma vez que os cientistas americanos disseram que conseguem criar as células estaminais sem atingir o embrião original. «Logo vem agradar a todas as partes. Acho que foi um passo muito importante quer do ponto de vista científico, quer do ponto de vista ético, social e político. Como toda a gente se recorda este foi um dos principais temas da campanha eleitoral nas últimas presidenciais norte-americanas», concluiu.


Trata-se de um outro membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida que entende igualmente que esta descoberta faz com que «mesmo aqueles que consideram que o embrião é uma vida humana» possam aceitar esta nova técnica. «Se se puder colher uma célula, e se puder preservar totalmente a sua integridade física é óbvio que deixa de existir qualquer tipo de argumentação ética que impeça a utilização e o desenvolvimento desta técnica», frisou.


Ética não é inimiga da ciência

Entretanto, à Rádio Renascença, Daniel Serrão, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, explicou que a produção de células estaminais sem destruir o embrião é uma notícia «verdadeiramente extraordinária, confirmando que a ética não é inimiga da ciência - quando a ética levanta dificuldades estimula a ciência a resolver os problemas. Nós sempre dissemos que o embrião tem direito absoluto à vida e ao desenvolvimento».

Com este novo método agora revelado, usam-se embriões bastante mais imaturos, com apenas oito células. É colhida apenas uma, que é cultivada em laboratório. O embrião não precisa de ser destruído - pode continuar a desenvolver-se até ao termo da gravidez, se for implantado no útero de uma mulher. O feito – porque tudo indica que o seja e de dimensão incomensurável – tem por autora a equipa de Robert Lanza, da empresa Advanced Cell Technology (Massachusetts, EUA), que já tinha conseguido fazer isto com células de ratinhos, no ano passado. Agora, logrou criar duas culturas de células estaminais embrionárias humanas, usando células colhidas em 16 embriões que sobravam de tratamentos de infertilidade.

Os cientistas testaram as culturas de células criadas com este método e confirmaram que podem ser usadas tanto para fazer testes genéticos, como para produzir um vasto leque de tecidos. Esta descoberta é relevante para os Estados Unidos, onde está proibido o financiamento público de experiências que investiguem o potencial terapêutico das células estaminais, mas é-o igualmente para todo o Mundo.


No final dos anos 80, as células estaminais do cordão umbilical começaram a ser utilizadas nos casos de cancro, lesões nas cartilagens, diabetes, transplante de células estaminais pancreáticas, queimaduras, doenças cardiovasculares, enfarte de miocárdio, AVC, lesões vasculares periféricas, doenças neurodegenerativas, Parkinson, Alzheimer, lesões na espinal medula, doenças ósseas, produção de tecido ósseo a partir de sangue de cordão umbilical, leucemia e linfoma, doenças hematológicas hereditárias, doenças auto-imunes como esclerose múltipla, reposição de células hematopoiéticas após quimioterapia.

A criopreservação do sangue

A diferença entre a criopreservação do sangue do cordão umbilical e a utilização da medula óssea pode verificar-se no facto de a primeira ser indolor, enquanto a segundo é passível de ser dolorosa, já que é realizada através de uma agulha no osso ilíaco. A acessibilidade para o transplante também é mais fácil: é retirado do inventário e enviado dentro de 24 horas. O número de células disponíveis é maior do que na medula óssea. Também existe maior probabilidade de encontrar um dador compatível no caso do sangue do cordão umbilical.

Gary J. Schiller, director da clínica de estudos em leucemia da Universidade da California de Medicina, considera que «o cordão umbilical oferece uma possibilidade de esperança para doentes em fase terminal com doenças malignas que esperam um transplante. No futuro, este importante recurso pode tornar possível realizar transplantes num número alargado de doentes que não têm nenhum dador compatível. Eu acredito no processo, e por isso guardei as células estaminais do sangue do cordão umbilical do meu bebé num banco público - Cryobanks International».

Há cerca de duas décadas, a descoberta de que a placenta e o cordão umbilical continham um elevado número de células estaminais trouxe uma nova esperança ao mundo da medicina. Actualmente, a colheita e a criopreservação destas células é uma prática corrente devido à crescente consciência de que, em qualquer altura, poderão intervir em termos terapêuticos em patologias que não disponham de outra forma de tratamento.

Já são muitos os pais que optam por recolher o sangue do cordão umbilical do seu bebé e armazená-lo num banco de células estaminais. Deste modo, se algum dia a criança necessitar das células estaminais, estas estão imediatamente disponíveis para transplante (por exemplo, para reconstituição da medula óssea destruída após tratamentos de quimioterapia).


As «milagrosas» estaminais

As células estaminais possuem capacidade de se dividir indefinidamente e podem dar origem a diversos tipos de linhagens celulares, como, por exemplo, células nervosas, células cardíacas, células da pele, do sangue, do osso e da cartilagem. Permitem a ocorrência de processos de regeneração dos tecidos do nosso organismo, como a medula óssea, a retina, a córnea, a polpa gengival, a pele, o fígado, o tracto gastrointestinal e o pâncreas. Estão presentes no sangue do cordão umbilical, onde se apresentam como células estaminais adultas.

Recentemente, foi descoberto que o sangue existente no interior do cordão umbilical é uma fonte rica e facilmente acessível de células estaminais indiferenciadas. Ele é recolhido após o cordão ter sido separado do recém-nascido, e é guardado para que as células estaminais que contém possam ser utilizadas. É recolhido da veia umbilical com uma seringa ou através de uma agulha ligada a um saco de recolha de sangue, obtendo-se em média 99 ml. O sangue recolhido é processado de forma a remover os glóbulos vermelhos e o plasma em excesso, e de seguida armazenado em azoto líquido.


O processo é não invasivo e indolor e não existe qualquer risco quer para a mãe quer para o bebé. A disponibilidade é imediata, eliminando a necessidade de procura de um dador compatível. Em alguns transplantes é eliminado o risco de rejeição e da doença do transplante contra o hospedeiro. Há também uma maior compatibilidade em transplantes para familiares. Quando as células são necessárias, o cliente faz a requisição das mesmas ao banco onde estas se encontram armazenadas, que envia as células para o centro de transplante.

A diferença entre a criopreservação do sangue do cordão umbilical e a utilização da medula óssea pode verificar-se no facto de a primeira ser indolor enquanto a segunda é passível de ser dolorosa, já que é realizada através de uma agulha introduzida no osso ilíaco. A acessibilidade para o transplante também é mais fácil: é retirado do inventário e enviado dentro de 24 horas. O número de células disponíveis é maior do que na medula óssea. Também existe maior probabilidade de encontrar um dador compatível no caso do sangue do cordão umbilical.

Apenas um breve aditamento, já que o que atrás fica é mais do que suficiente para se começar a apreciar esta revolução científica. Antes de tudo, uma advertência. Não se está perante a panaceia universal que os homens tanto têm procurado alcançar. Com isto quero dizer que a porta parece ter sido entreaberta, mas há que cuidadosamente abordar o assunto, tal como é norma da ciência e, nomeadamente, da médica.

Milhões e milhões de seres humanos ao tomarem conhecimento desta extraordinária descoberta, começarão imediatamente a imaginar que as diversas doenças «incuráveis» de que são portadores, serão, de repente, curadas por ela. As expectativas, ninguém as podem tirar à Humanidade. Muito menos a esperança. No entanto, as células estaminais e a forma extraordinária de as recolher não podem ser sinónimo de taumaturgo – mas tampouco de caixa de Pandora. Calma, moderação, paciência - não são incompatíveis com a esperança.

Este é o texto mais longo que o travessadoferreira publica. Aos leitores aqui ficam as desculpas por esta dimensão. Mas, também penso que poderão concordar que a revolução médica aqui apreciada é, ao que tudo indica, uma verdadeira bomba nuclear na Medicina. Daí o volumoso. Ainda bem.

2 comentários:

Anónimo disse...

Para quem pouco mais ou mesmo quase nada espera da vida esta notícia é importantíssima. O meu marido e eu perdemos o nosso único filho com um tumor maligno no intestino. O Daniel tinha 14 anos, era bom aluno e já faleceu há 13 anos. Se fosse vivo, seria hoje, por certo um bom e bonito rapaz.

Na altura nem sabia que haviam essas tais epitemiais ou algo assim. Os médicos do IPO, a começar pelo Dr. António Saraiva, gasteroentereologista insígne (filho do Prof. José Hermano Saraiva, da TV), tudo fizeram para o salvar.

Foi operado duas vezes, mas foi tudo em vão. Nossa Senhora de Fátima não aceitou as minhas orações. Custa muito perder um filho, ainda por cima único e na flor da vida!

Deus queira que esta descoberta possa salvar a vida a muitos Danieis. Oxalá as coisas cheguem a bom porto. Tu querido filho, no Céu, estás também a torcer para que tudo dê certo.

Anónimo disse...

Caro Amigo Dr. Antunes Ferreira

Tenho de o felicitar por diversas razões. Assim
A) Pela iniciativa de criar e manter com a maior qualidade este blog;

B) Pelo fino recorte dos seus textos. Caro Amigo, você escreve mesmo muito bem. Excelente;

C) Pela receptividade que o seu blog está a ter, a qual se reflecte no número de comments recebidos. Eu próprio tive um e os resultados foram... -7...; muito negativos tal como a temperatura. Cansei-me e fechei a loja;

D) Vou divulgar o seu blog a quem o puder fazer. A qualidade premeia-se. Dr. Antunes Ferreira, prossiga, não se vá abaixo das canetas. E, repito, o meu Amigo é um escritor da melhor estirpe;

E) Finalmente: apareça no meu consultório, só para darmos dois dedos de charla. Não será uma consulta - e eu tenho muita honra em contá-lo entre os meus clientes «célebres». Desta feita será uma consulta redactora e redentora. A receita fa-la-á o meu bom Amigo. E não passo recibo verde. A Lurdes não receberá um cêntimo que seja.

APÓSTILA - Já se quiser contribuir para a LESMA, Liga Emperrada e Solitária dos Médicos Atrasados, quaisquer € 250.000 serão bem vindos. E esses, juro que os recebo, com recibo e tudo. Como sabe, querido Amigo, sou o Presidente dos LESMAS. Por isso assino como anónimo, que o Dr. Antunes Ferreira sabe muito bem quem é... Um abração e algum huiscacho, como você usa dizer. Queijos, ainda não lhe mando...