segunda-feira, abril 30, 2007
Milhões de coisas
Como se pudesse entregar
aos meus filhos, tal como ainda
hoje me comove, a intacta memória
da minha avó Berta Emília.
José Fanha
Há tantas coisas que eu gostava de fazer... Tantas, tantas que, para não me esquecer, comecei a fazer uma lista.
Gostava de subir ao alto do armário da cozinha ou das árvores que ficam em frente da janela do meu quarto, chegar mais perto do céu e fazer chichi cá para baixo. Gostava de descer ao fundo do mar, abrir as conchinhas e espreitar os peixes de todas cores nos buraquinhos das rochas. E gostava de tocar as flores que o gelo faz nas terras geladas. Gostava de voar às cavalitas de um condor gigante.
Ou então, melhor que tudo isso, gostava de aprender a tocar uma música tão bonita que fizesse os ratinhos, os coelhos e as pombas virem atrás de mim pela rua fora até chegarmos ao fim do arco-íris.
O mundo está cheio de flores e bichinhos e peixes no mar e estrelas no céu. E é por ser tudo tão bonito que eu gostava de fazer tantas, tantas coisas... Milhões de coisas. Triliões.
É uma lista muito grande. Uma lista que continua e continua e nunca mais pára e é por isso que eu ando sempre muito ocupado.
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4 comentários:
Lindo, lindo, lindo. Muitíssimo obrigado, José Fanha. Volte sempre.
Senhor José Fanha
Os seus textos são um encanto!
Obrigada e, por favor, nunca se esqueça de escrever para a Travessa do Chefe Ferreira.
AS
Gostei muito. Adorei. O Dr. Fanha é um grande escritor. Só o conhecia de outras artes, sobretudo através da televisão. Fui já à procura deste seu livro e comprei os Novos Mistérios de Sintra e o Código d'Avintes, que estou a ler freneticamente. Excelente. Escreva um originalzito aqui para nós, que a Travessa do Ferreira merece-o.
Ó Dr. Fanha, com coisas lindas de morrer como estas, arrisco-me a apaixonar-me por si e, claro, pela sua escrita.
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