terça-feira, maio 20, 2008

Capuchinho Vermelho
Versão Acordo Ortográfico de 2058


O Zé Oliveira – há quem diga que ele é um dos melhores caricaturistas da nossa praça – mandou-me este texto que considero uma verdadeira delícia. Para quem, como eu, quando puto, ouviu a versão clássica/soft do Capuchinho Vermelho contada a primor pela minha tia Lurdes, que ma oferecera em livro editado pela Bertrand carregado de ilustrações policromas, esta versão é um achado. Tem muita piada.


A História do Capuchinho Vermelho (os Brasileiros chama-lhe Chapeuzinho Vermelho) encantou-me. Nunca saberei porquê. Nem adianta saber. Ao longo dos anos, fui seguindo com a atenção possível o percurso dela, que se foi adaptando às épocas por que passou. Até a pornografia tomou conta do... conto. A última deste caminho, da minha querida Luísa Ducla Soares é um mimo. O Capuchinho do Século XXI é um verdadeiro mimo.



Agora, surge-me esta. Para além do Zé Oliveira, diversos outros correspondentes meus ma tinham remetido. Logo na primeira, enviada pelo Maia Figueiredo, anotei no cristalino bestunto a intenção de a publicar neste blogue. Outras intenções e outros propósitos foram-me desviando do objectivo que traçar. Agora – não espera mais. Fica aqui.

Uma última anotação: o alegado Acordo Ortográfico de 2058 não é necessário. A miudagem, ou pelo menos a maior parte dela, já fala assim neste ano da desgraça de 2008. Termos usados e ortografia são excatamente estes. E prontes. Já está. Antunes Ferreira

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver? E então disse-lhe:
- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!


Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod... É então que, ouve lá, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:
- Yoo, tá td? Dd tc?
- Tásse... do gueto alí! E tu... tásse? - disse a pita
- Yah! E atão, q se faz?
- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!
- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?
- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata...
- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.
- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!


E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha "quem é e o camano" e ele "ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na...". A velha abre a porta e
Pimba, o dog papa-a toda... Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos...
O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo à velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tásaver?

A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.
- Basa aí cá pa dentro! - grita o dog.
- Yo velhita, tásse?
- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa...
- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí...
- Bacano, pa ver se trato esta cena.
- Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?
- Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?
- Yah, yah... E os abanos, bué da bigs, pa ke é?
- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tázaver?
- Yah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?
- É PA CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!


E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir a gaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo alí, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha. Ina man, e a malta a gregoriar-se toda!!! E prontes, já tá...





4 comentários:

Paula Raposo disse...

Não conhecia esta versão!!! Está 'memo bué da fixe!!'. Beijos.

Anónimo disse...

Só lhe falta o ketchup! Ou seja, em bom português, o molho de tomate(s).

Anónimo disse...

Companheiro,
O acordo é mau, mas o "prétuguês" é pior. Como a língua é viva, bora lá assassinala! A Pátria afunda-se, minha língua, aquela que - quando correcta - se lê à ocidental, da esquerda para a direita mas tb da direita para a esquerda, à boa maneira árabe. Notável!

Anónimo disse...

Dr. Antunes Ferreira
Conheço-o dos seus tempos de A BOLA, pois sou um leitor «boladependente». Quando volta a escrever para lá?

Comprei o seu livro «Morte na Picada» e vejo que, com os seus quase 67 refinou. Como o vinho do Porto...

Os meus netos - tenho seis - também falam já assim, especialmente no messenger, onde não entendo patavina.

Este Capuchinho Vermelho tem muita graça. Venham mais. E visto isto não faz falta nenhum acordo.