terça-feira, janeiro 02, 2007




Embaixada de Portugal no Brasil – Bravo!!!


Ora aqui temos mais um blogue. Apenas? Há milhões e milhões deles por todo o Mundo. Porquê este anúncio, aliás prazenteiro?

Pois muito bem. Trata-se do blogue da Embaixada de Portugal em Brasília. Que aparece com intenções bem definidas, isto é, destinado a divulgar Portugal no Brasil e, até, o vice-versa. É bonito. É uma bela ideia. É de referir e divulgar. O que faço com todo o prazer e muita satisfação.

Na Embaixada tenho, que eu saiba, três excelentes Amigos. Se mais ali tiver, digam-mo, para me penitenciar da falta cometida, ainda que involuntariamente. O Francisco Seixas da Costa, que não a faz por menos: é o Embaixador e está tudo dito. Um comunicador como ele não se podia quedar apenas pelas funções eminentemente diplomáticas, que são muitas e pesadas. Nada que ele rejeite, muito pelo contrário. O Chefe da Missão Portuguesa em terras de Vera Cruz apadrinhou o blogue. Tenho a certeza.

Depois vem o Adriano Jordão, pianista e meu cúmplice há uma porradaria de anos: desde os bancos do Lyceu Camões, vejam lá. Na altura, ele e o mano tocavam acordeon, como então se dizia. Este careca praticante, alem de ter casado com a Rosinha, irmã de outro meu colega da mesma colheita, o Vieira da Cruz, da Praia do Ribatejo, foi, anos a fio, meu vizinho na Lapa. Para o que um homem está guardado…

Não há dois sem três: o Carlos Fino. Jornalista com caixa alta, que o mesmo é dizer dos óptimos. Dá-se ao luxo de falar russo, esteve anos a fio na então União Soviética e outras paixões russas. Daí ter sido, inclusive, o intérprete do então PR, um tal Mário Soares na visita deste à URSS com os pés prá cova. O Carlos é mesmo fino. Desde a política internacional até às questões comunitário/europeias – é um alho.

Não admira, pois, que este blogue seja como a pescada ou o vestido: antes de o ser, já o era. Muitos menos pasma que seja excelente: com estes ingredientes e com tais cozinheiros, nem a Maria de Lurdes Modesto, nem o Pantagruel, nem a Enciclopédia Gastronómica. Petisco informático assim, benza-o deus. Qual quê? Banquete, meninos, banquete.

Não é que os meliantes seus autores disso necessitem. Alem de serem isso mesmo, têm como agravante a clássica recidiva. São reincidentes. São contumazes – sem Tomaz. Livra! Abrenúncio, t’esconjuro, mafarrico!

Dito isto, só tenho que apresentar a Suas Insolências e naturalmente ao blogue supracitado os meus parabéns e os desejos de uma vida longa ao serviço dos ideais e das ideias que os norteiam. Aos três, que afinal são quatro, tal como os do Monsiu Alexandre Dumas, os meus agradecimentos. Qualidade, não lhes falta. A.F.

2 comentários:

Anónimo disse...

Há dias, um aprendiz de jornalista brasileiro de Porto Alegre, de seu nome Polibio Braga, publicou a seguinte notícia:



http://www.polibiobraga.com.br/


"Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento
Há apenas uma semana, em apenas quatro anos, o editor desta página visitou pela quinta vez Lisboa, arrependendo-se pela quarta vez de ter feito isto. Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. É como visitar a casa de um parente malquisto, invejoso e mal educado. Na sexta e no sábado, dias 24 e 25, Portugal submergiu diante de um dilúvio e mais uma vez mostrou suas mazelas. O País real ficou diante de todos. Portugal é bonito por fora e podre por dentro. O dinheiro que a União Européia alcançou generosamente para que os portugueses saíssem do buraco e alcançassem seus sócios, foi desperdiçado em obras desnecessárias ou suntuosas. Hoje, existe obra demais e dinheiro de menos. O pior de tudo é que foi essa gente que descobriu e colonizou o Brasil. É impossível saber se o pior para os brasileiros foi a herança maldita portuguesa ou a herança maldita católica. Talvez as duas ."



Esta Nota mereceu a seguinte resposta do nosso Embaixador:



Brasília, 8 de Dezembro de 2006

Senhor Políbio Braga

Um cidadão brasileiro, que faz o favor de ser meu amigo, teve a gentileza de me dar a conhecer uma nota que publicou no seu site, na qual comentava aspectos relativos à sua mais recente visita a Portugal. Trata-se de um texto muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de afirmar, com todas as letras, o que pensa de Portugal e dos portugueses. O modo elegante como o faz confere-lhe, aliás, uma singular dignidade literária e até estilística. Mas porque se limita apenas a uma abordagem em linhas muito breves, embora densas e ricas de pensamento, tenho que confessar-lhe que o seu texto fica-nos a saber a pouco. Seria muito curioso se pudesse vir a aprofundar, com maior detalhe, essa sua aberta acrimónia selectiva contra nós.

Por isso lhe pergunto: não tem intenção de nos brindar com um artigo mais longo, do género de ensaio didáctico, onde possa dar-se ao cuidado de explanar, com minúcia e profundidade, sobre o que entende ser a listagem de todas as nossas perfídias históricas, das nossas invejazinhas enraizadas, dos inumeráveis defeitos que a sua considerável experiência com a triste realidade lusa lhe deu oportunidade de decantar? Seria um texto onde, por exemplo, poderia deter-se numa temática que, como sabe, é comum a uma conhecida escola de pensamento, que julgo também partilhar: a de que nos caberá, pela imensidão dos tempos, a inapelável culpa histórica no que toca aos resquícios de corrupção, aos vícios de compadrio e nepotismo (veja-se, desde logo, a última parte da Carta de Pêro Vaz de Caminha), que aqui foram instilados, qual vírus crónico, para o qual, nem os cerca de dois séculos, que se sucederam ao regresso da maléfica Corte à fonte geográfica de todos os males, conseguiram ainda erradicar por completo.

Permita-me, contudo, uma perplexidade: porquê essa sua insistência e obcecação em visitar um país que tanto lhe desagrada? Pela quinta vez, num espaço de quatro anos ? Terá que reconhecer que parece haver algo de inexoravelmente masoquista nessa sua insistente peregrinação pela terra de um "parente malquisto, invejoso e mal educado". Ainda pensei que pudesse ser a Fé em Nossa Senhora de Fátima o motivo sentimental dessa rotina, como sabe comum a muitos cidadãos brasileiros, mas o final do seu texto, ao referir-se à "herança maldita católica", afasta tal hipótese e remete-o para outras eventuais devoções alternativas.

Gostava que soubesse que reconheço e aceito, em absoluto, o seu pleníssimo direito de pensar tão mal de nós, de rejeitar a "herança maldita portuguesa" (na qual, por acaso, se inscreve a Língua que utiliza). Com isso, pode crer, ajuda muito um país, que aliás concede ser "bonito por fora" (valha-nos isso !), a ter a oportunidade de olhar severamente para dentro de si próprio, através da arguta perspectiva crítica de um visitante crónico, quiçá relutante.

E porque razão lhe reconheço esse direito ? Porque, de forma egoísta, eu também quero usufruir da possibilidade de viajar, cada vez mais, pelo maravilhoso país que é o Brasil, de admirar esta terra, as suas gentes, na sua diversidade e na riqueza da sua cultura (de múltiplas origens, eu sei). Só que, ao contrário de si, eu tenho a sorte de gostar de andar por onde ando e você tem o lamentável azar de se passear com insistência (vá-se lá saber porquê!), pela triste terra dessa "gente que descobriu e colonizou o Brasil". Em má hora, claro!

Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se !

Com a retribuída cordialidade
do
Francisco Seixas da Costa
Embaixador de Portugal no Brasil

Anónimo disse...

Tarde tive conhecimento da peça do Políbio Braga. Só ontem dia 24. Mais vale tarde que nunca.
Já escrevemos algo a esse respeito.