domingo, dezembro 25, 2005
Um Natal por cá
Assinado pelo jornalista Eduardo Dâmaso, director-adjunto do (ainda e sempre meu) "Diário de Notícias" saiu na edição do dia de Natal um Editorial que não posso deixar de classificar como excelente. Num tema tristemente criminoso e desgraçadamente real, Dâmaso apresenta-nos um Natal que, hoje, é mais importante do que os outros. E explica porquê. E eu subscrevo por baixo o texto excepcional, comungando integralmente com o autor. O DN merece este director-adjunto. Daqui segue o abraço sentido, solidário e entusiásico de um antigo chefe da Redacção do nosso jornal. Parabéns Eduardo. Estou «650%» contigo. A. F.
Acreditar
Eduardo dâmaso
H oje há um Natal mais importante do que os outros. Pelo mundo inteiro celebram-se milhões de Natais, milhões de partículas de crença religiosa ou simples rotina celebrativa definidas pela felicidade ou pela tragédia, pela solidão ou pela alegria. Mas, por cá, há um Natal que sentimos necessidade de distinguir pela actualização do poder metafórico que o evento natalício simboliza. Um Natal que nos diz coisas cruéis sobre nós, criaturas contraditórias no rasto de genialidade ou de tragédia que transportamos, mas que nos empresta um ânimo suplementar. O Natal que hoje vive no Hospital Pediátrico de Coimbra a bebé que aos 50 dias de vida já transportava na sua imensa fragilidade uma história de bestialidade humana é o Natal que nos importa.
É o Natal que nos conta a história em que queremos acreditar e que nos diz que nem tudo pára nesta época apenas em nome da celebração de um outro bebé nascido há mais de dois mil anos em Belém. O que importa hoje são as vidas como a que resiste no Pediátrico de Coimbra à maldade humana, pois é nelas que está o espelho mais complexo daquilo que somos.
A história do Natal em que queremos acreditar é aquela que nos oferece o relato da força e da esperança, que nos aproxima da necessidade imperativa de fundar um novo humanismo. Nada adianta celebrar o Natal cristão ou qualquer feriado de qualquer outra crença se não formos capazes de todos os dias olhar para os acontecimentos que nos trazem a força implacável da miséria humana, para a sociedade desigual em que vivemos, para as iniquidades praticadas em nome de Deus. Não é por ser Natal e por razões fixadas nos calendários e na doutrina da fé que devemos abraçar o bem mas por vivermos num mundo a precisar de novas respostas para os problemas que enfrenta.A ciência deu-nos este ano progressos notáveis no domínio da genética evolutiva, das origens do planeta e da luta contra a doença. Mas também nos alertou para os riscos do aquecimento global e da degradação ambiental.
E é aqui, na esperança e no alerta induzidos pela ciência e numa refundação humanista, que podem estar as celebrações dos Natais do futuro. Só com este caldo de racionalidade e de actualização do papel e da mensagem de uma fé que terá de virar-se, também ela, mais para os problemas da Terra, para o combate aos novos medos e ameaças, e menos para os desígnios do Céu, conseguiremos obter respostas para o inexplicável comportamento humano que se manifesta na dupla bestialidade agressora do seu semelhante e do seu planeta. É aqui que está o debate de hoje e do futuro, até à eternidade o que vamos nós fazer da nossa espécie? É esta a pergunta que ressalta do Natal que se vive hoje numa cama do Pediátrico de Coimbra.
Tsunami: último balanço
contabiliza 217 mil mortos
Neste 26 de Dezembro faz um ano que ocorreu no Oceano Índico o maior tsunami desde que há memória e registos. Cerca de 217 mil pessoas morreram ou foram dadas como mortas em consequência do terrível sismo de magnitude 9,3 da escala de Richter, que desencadeou um tsunami nos países costeiros daquela zona. A Lusa que transmitiu estes dados não os confirmou por impossibilidade, aliás compreensiva. São, portanto, indiciários, dramaticamente.
Se fosse possível aferir com exactidão a magnitude do cataclismo dir-se-ia que os deuses, estando loucos, tinham disparado sobre o planeta as suas armas mais mortíferas. Estas sim, armas de destruição maciça, não as inventadas pelo sr. Georges W. Bush. Só na Indonésia, registaram-se mais de 168 mil mortos ou desaparecidos, no Sri Lanka 31 mil e na Índia 16.389 mortos e desaparecidos.
Na Tailândia, país turístico por excelência, o número de mortos confirmados atingiu 5.395, dos quais 2.248 estrangeiros de 37 nacionalidades diferentes, aos quais se juntaram 8.457 feridos e 673 declarados como desaparecidos. Entre os outros países asiáticos atingidos, estão as Maldivas (82 mortos e 26 desaparecidos), a Malásia (68 mortos), a Birmânia (61 mortos) e o Bangladesh (dois mortos). Mas o tsunami atingiu também a África Oriental, com 298 mortos na Somália, dez na Tanzânia e um no Quénia.
No que toca aos reflexos verificados no Ocidente, e nomeadamente na Europa, os dois países com o maior número de vítimas mortais foram a Suécia (543) e a Alemanha (537), seguidos da Finlândia com 167, a Suíça com 91 e a França 90.
Esta contabilidade macabra é, como atrás se diz, aproximada. A catástrofe de dimensões horrendas ficou para a História do Mundo. O facto de a recordarmos agora, quando se completa um ano sobre ela, não é apenas o registo de uma efeméride. É também o reconhecimento do quanto os homens são impotentes - por mais que se tenha evoluído, por mais sofisticada que seja a tecnologia por mais que se tenham desenvolvido os meios de intervenção - para dominar completamente a Natureza. Bem o tentamos, mas… Recordar o malfadado acontecimento é, ainda, a homenagem possível a tantas vítimas.
Roupa suja, perdão, velha
Amigos, mais um Natal
Mais prendas nos sapatinhos
Mais presépio, mais pinheiro
Uma festa sempre igual
Em que nós somos santinhos
Mas beras no ano inteiro
Bacalhau com muitas couves
Batatas, cebola e alho
Pouco vinagre e muito azeite
Ó tu, vê lá se me ouves
Se não, vai para o… trabalho
Ou bebe um copo de leite
Azevias mais filhós
Broas boas, rabanadas
Fatias de bolo-rei
Filhos, pais e até avós
Todos muito entusiasmados
À espera de quê? Eu sei…
Iluminações em quantidade
Penduradas pelas paredes
Gambiarras multicores
Quais luzes duma cidade.
Pescadores com suas redes
Patrões e trabalhadores
Poetas, musas e vates
Jornalistas. Engenheiros.
Arquitectos, jogadores
Xadrezistas, xeques-mates
E até, por tinta dinheiros
Uns se vendem, meus senhores
Já entrámos pelas Festas
Que se desejam bem Boas
Para quem tem e não tem
Queres mais festinhas destas?
Entoar cantos e loas?
E as figuras de Belém?
Deixemos todos de lado
Estas presidenciais (???)
Que toda a malta se engana
O Povo está bem avisado
Já não vai em carnavais
nem que fossem... prá semana
Um presépio bem montado?
Fica-te bem esse intuito
Não há por aí data igual
Há muito tipo enrascado
Que há muito tempo, muito
Ainda crê no Pai Natal
O peru, no forno, a assar
Recheado com mestria
Com batatas e bom molho
Põe a gente a salivar
E no meio da alegria
Há que ter aberto o olho
Porque se assim não fizer
Arrisca-se a meter água
De tamanho desengano
Pois quem passa, podem crer,
Sem o bicho é uma mágoa
Que vai até ao fim do ano.
Enviado por imeile – mas, cheio de vontade que mais outra gente leia esta chachada aqui o meto também. Desculpem… Henrique, o Vate da Lapa, com Lata
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Da Montanha
Estou a reler Torga. Comecei pelos Contos da Montanha. E, se habitualmente, devoro num ápice os livros em que me embrenho, neste caso é absolutamente o contrário. Em Miguel Torga há que estar, saborear as palavras, rolá-las na boca qual Demóstenes, ainda que o não façamos para combater a gaguez. Do Transmontano continuo a colher tudo o que a terra produz, nomeadamente quando o húmus é tão fértil, tão gineceu, tão pletórico. E comprazo-me em aprender e apreender.
Pseudónimo literário de Adolfo Correia da Rocha, Miguel Torga nasceu em São Martinho de Anta, uma aldeia de Trás-os-Montes. Aos treze anos deixa o país e vai trabalhar para uma fazenda em Minas Gerais, no Brasil. Completa o liceu cinco anos depois, quando regressa a Portugal
Uns anos mais tarde, licencia-se em medicina, em Coimbra, na sua Coimbra em que viverá até que a morte o leva em 1995. Um excelente otorrinolaringologista. Um Mestre na Arte de escrever.
Nas suas próprias palavras, o nome Torga foi escolhido por ser «uma planta transmontana, urze campestre, cor de vinho, com as raízes muito agarradas e duras, metidas entre as rochas. Assim como eu sou duro e tenho raízes em rochas duras, rígidas, Miguel Torga é um nome ibérico, característico da nossa península (...)».
Pois, caros Amigos, estou a fruir de um Escritor que, sempre que nele me embebo, me faz colocar e recolocar uma pergunta: Porque não terá sido ele o primeiro Nobel português da Literatura? Que me perdoe o meu Amigo José Saramago, a quem o galardão máximo assentou que nem uma luva, mas o Torga (que tive o privilégio de conhecer e de com ele trocar ideias por algumas vezes) era, para mim, o primeiro destinatário do prémio – igualmente por mérito próprio.
Retomo o início. Estou dentro dos Contos da Montanha. Melhor: estou na montanha. Porque Torga era, é e será, a Montanha.
Antunes Ferreira
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Eskerrik asko
Quando cheguei a primeira vez a San Sebastián, era ainda um puto, não se falava basco. Era proibido pelo generalíssimo. Estávamos pelos primeiros anos da década de 50 e não pude, sequer, aprender como se diz naquela língua – muito obrigado. Tristes anos esses. O mini-ditador de El Ferrol não queria outras línguas para além do castelhano promovido a espanhol. Nem o «seu» galego, não fosse o diabo tecê-las.
Já em tempo de democracia voltei à orgulhosamente chamada Donostia. A baía era a mesmíssima do antigamente, bastantes prédios igualmente, as avenidas amplas bordejando o rio Urmea, muito, muitíssimo por ali estava sem que a modernidade lhe tivesse demolido a alma e invadido a betão.
Partindo do Parque Cristina-Enea e atravessando a cidade, chega-se à Kusaall, um palácio da cultura a todos os níveis.
E foi ali que, graças a um guia excelente, sabedor e contador de estórias, que soube, finalmente, como se diz muchas gracias em basco. Ora aprendam: Eskerrik asko. Não me responsabilizando pela pronúncia, posso garantir-vos que a grafia está correctíssima. No Valle de los Caídos, o que resta de um tal Francisco Bahamonde Franco, criminoso de delito comum, assassino de guerra, deve ter tido um ataque de estupidite aguda. Mais um. Bom proveito; à barriga e ao peito.
Antunes Ferreira
Iluminaciones
Los mostradores de las tiendas iluminados por Navidad son espejos donde los más pequeños se reflecten. Para un catalán y un bueno Amigo que vive en Lisboa y trabaja en la delegación de una grande empresa española, los cristales son tan solo transparentes. No tienen nada a ver con espejos. Por ellos se pueden mirar juguetes para los críos como ordenadores para ciudadanos semióticos.
Hay que subrayar que muchas calles de la capital también presentan sus lámparas multicolores que las decoran con mucha gallardía y pundonor. Casi por todo el Mundo ellas lucen sus esplendores , ¿por que bulas la ciudad de Ulises no tendría derecho a luminarias como las otras? Por supuesto que sí, que las tiene y con alguno orgullo. ¿Y la crisis – donde está? ¿Pero - que tienen que ver las luces navideñas con las decoraciones navideñas? El precio, dicen. No se puede echar pasta con la situación que vivimos.
Habría que saber si serian las lámparas que ampliarían el déficit del Presupuesto. Sin embargo, no lo creo. Hay como gastarse dinero con otras cosas que no tienen que ver con estas luces. Punto.
Portugal tiene que aprender a escoger entre millones de temas aquel que me parece el realmente importante: trabajar. Si nosotros, los portugas, queremos seguir adelante con este País, chicos, hay que producir. La globalización esa es una mierda, porque es deshumana. Pero sin tareas programadas y cumplidas nadie llega a un objetivo: el derecho a ser un País independiente. Nada más. Todavía no hemos alcanzado lo que hemos propuesto atingir. Pues que sí. Hay que llegar a la meta y, si posible, con la amarilla. Es decir: la alternativa es el basurero – ¿europeo?
Joan Albertí
As duas ambições
Uma ambição qualquer um tem. Acarinhá-la, na esperança de que aumente, tem justificação. Cultivá-la, no bom sentido do termo, é sinónimo de que ela é correcta, pertinente e, até, justa e salutar. Se for, porem, por ciumeira ou por diletantismo puro, aí já porca torce o rabo. Um ambicioso a sério, com fundados propósitos e métodos apropriados tem carradas de razão. E um objectivo a alcançar. E a medida certa de como o fazer. E os meios correspondentes e normais. Um ambicioso de outrem – é um pervertido. Um pulha.
Em cada dia que passa, os bons ambiciosos, aos milhões e milhares de milhões e por aí fora, vão concretizando com maior ou menor regularidade o anelo que perseguem. São persistentes, não desanimam, muito menos desistem. A sua pertinácia é louvável. Muitos desses, senão todos, fazem avançar o Mundo sem necessitarem de ponto de apoio, muito menos de alavanca.
Mas aos que rói a inveja que têm do vizinho e por isso mesmo ambicionam ultrapassá-lo usando todos os meios, nomeadamente os mais negativos, para alcançarem o propósito amaldiçoado, ninguém de boa fé e princípios rectos reconhecerá o mínimo direito de o fazerem. Melhor: impedi-los-á, na medida das suas possibilidades. Para esses, confessadamente de delito comum, avançaram os Romanos com uma das muitas tiradas que ficaram na panóplia das citações Argumentum baculinum. Que o mesmo é dizer, o argumento do cacete...
A.F.
Saídas do leão...
Anúncio prévio: sou sportinguista. Donde, não esperem os leitores que o deixe de ser. Habituei-me, desde há mais de 64 anos (nasci a 20 de Setembro de 1941, podem registar para efeitos de parabéns e de prendas) a ser parcial, ainda por cima militante e em full time. Sou, portanto, leão incorrigível. Não tanto como o meu Amigo Eduardo Barroso - porque tal é materialmente impossível.
Surpreendido estou com o que a Comunicação Social regista para esta quadra natalícia sobre o que se passará (e até já passou) no grémio de Alvalade. De acordo com ela, o Sporting perderá quse meia equipa e ganhará a correspondente metade nova em Janeiro. O Pinigol (???) despediu-se. O Rogério vai fazê-lo. Silva aposenta-se no seu Brasil. Edson vai, passando por terras de Vera Cruz, para o Légia de Varsóvia.
Beto? Parece ter perdido a validade... Quem o quer? Wender? Idem, idem, aspas, aspas. E uns quantos putos da cantera? Sossegue-se. São emprestados, mas têm uma volta na ponta. E Liedson? O Levezinho continua na dúvida shakespeariana: ser ou não ser? Renovar – ou não renovar?
Rogério Brito e Carlos Freitas têm, por conseguinte, muito com que se entreter. Deverão arranjar maneira – sem pilim – de comprar uma meia dúzia, ou mais, de novos bisnetos do Visconde. Se assim não acontecer, a equipa arrisca-se a jogar com oito elementos em algumas partidas – o que seria, aliás, uma boa partida para Paulo Bento. Como remate final (já que se fala de futebol): por este andar, nem o Setúbal, meninos, nem o Setúbal. Ainda por cima, com o Chumbita...
A. F.
«Super brócolos» e cancro
Dedicado ao caríssimo Armando Fernandes
Leio e pasmo. Um grupo de cientistas britânicos desenvolveu um tipo de brócolos que pode aumentar a protecção contra o cancro. De acordo com a notícia transmitida pelas agências noticiosas e que aqui estou a transcrever, isto é indicado num estudo publicado recentemente no Reino Unido. Os investigadores – do Instituto de Investigação Alimentar, com sede em Norwich, na zona leste da Inglaterra – criaram uma variedade a que chamam «super brócolos», caracterizada pelo elevado teor em sulforafano, um elemento químico que protege contra o cancro.
De acordo com o professor Richard Mithen, que dirige a investigação, a chave da descoberta está num gene que metade da população não possui. «Alguns indivíduos que não têm este gene têm menos protecção contra as doenças cancerosas», declarou à Comunicação Social para, de seguida, acrescentar que «O nosso estudo sugere que a ausência deste gene impede que o corpo retenha sulforafano, que o organismo expulsa em poucas horas». Assim, «se consumir grandes quantidades de brócolos, ou uma variedade com níveis elevados de sulforafano como os nossos “super brócolos”, uma pessoa sem esse gene pode reter tanto sulforafano no corpo como a que tiver» explicou ainda.
Os «super brócolos» contêm 3,4 vezes mais a quantidade do composto químico do que outras variedades do mesmo vegetal. Os cientistas esperam que eles estejam completamente desenvolvidos dentro de três anos e, entretanto, recomendam o consumo desta hortaliça. O professor Mithen salientou ainda, que «comer grandes quantidades de brócolos proporciona benefícios adicionais, por ser uma fonte rica de vitaminas e minerais».
É, assim, um tema muito interessante, como o são todos que tratam do flagelo canceroso que ataca a humanidade com frequência e violência cada vez mais desmedidas. Retive-o e aqui o transmito por isso mesmo. A esperança que é a última coisa a morrer com os homens, e que é verde, chama-se também brócolos. De preferência «super». Nesta quadra, há que reforçar os ditos na consoada, a acompanhar o bacalhau.
A.F.
Lisboa continua cheia de miúdas giras. Felizmente. Quando grassa por aqui uma «gripe» muito maior do que a das aves, ainda bem que isso acontece, pari passu pelas ruas da capital, pelos restaurantes e similares, pelos centros comerciais, pelos hipermercados, pelas salas de espectáculos, pelas galerias de arte, numa plenitude de formas convenientemente côncavas e convexas nos convenientes locais, desenhadas a curvas doces e simultaneamente empolgantes.
E o que é isso da «gripe» por aí corre? Não se veja na expressão mais do que uma figura de estilo – e nada mais. Pois, meus Amigos, são os e as homossexuais. Nada me move contra tais práticas e formas de vida. Aprendi a conviver com a realidade, ainda que tenha de confessar que me ficou sempre um resquício do que pensava e sentia há uns tempos. Adiante. Em Democracia, em Liberdade, temos todos de nos respeitarmos mutuamente. Se não, isso será tão só um ersatz.
Ainda recentemente uma revista semanal, mais precisamente a «Sábado» dava em capa o tema e, no miolo, dedicava-lhe umas quantas páginas. A propósito da moda em que os gays dão cartas e arrastam os hetero. Tudo numa boa, como dizem os brasileiros.
Por isso, a afirmação inicial. Para mim, claro, que adoro vê-las. Até porque, já dizia um eclesiástico «olhar não é pecado»... Depende. Do pecado, mas principalmente do olhar.
A.F.
Uma ambição qualquer um tem. Acarinhá-la, na esperança de que aumente, tem justificação. Cultivá-la, no bom sentido do termo, é sinónimo de que ela é correcta, pertinente e, até, justa e salutar. Se for, porem, por ciumeira ou por diletantismo puro, aí já porca torce o rabo. Um ambicioso a sério, com fundados propósitos e métodos apropriados, tem carradas de razão. E um objectivo a alcançar. E a medida certa de como o fazer. E os meios correspondentes e normais. Um ambicioso de outrem – é um pervertido. Um pulha.
Em cada dia que passa, os bons ambiciosos, aos milhões e milhares de milhões e por aí fora, vão concretizando com maior ou menor regularidade o anelo que perseguem. São persistentes, não desanimam, muito menos desistem. A sua pertinácia é louvável. Muitos desses, senão todos, fazem avançar o Mundo sem necessitarem de ponto de apoio, muito menos de alavanca.
Mas aos que rói a inveja que têm do vizinho e por isso mesmo ambicionam ultrapassá-lo usando todos os meios, nomeadamente os mais negativos, para alcançarem o propósito amaldiçoado, ninguém de boa fé e princípios rectos reconhecerá o mínimo direito de o fazerem. Melhor: impedi-los-á, na medida das suas possibilidades. Para esses, confessadamente de delito comum, avançaram os Romanos com uma das muitas tiradas que ficaram na panóplia das citações argumentum baculinum. Que o mesmo é dizer, o argumento do cacete...
A. F.
quarta-feira, dezembro 21, 2005
RI-TE, RITA
Muito curta.
Na cama. Ela:
- Tu pareces um telemóvel...
- Porquê, querida? Vibro muito?
- Não, amor. Ao entrares no túnel, perdes a... rede...
segunda-feira, dezembro 19, 2005
DISCORRENDO
Estava eu a lamentar-me e quando «posto» o meu último texto - ZÁZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Uns quantos, pouquérrimos, compagnons de route desfecham-me comentários como quem aponta a coelhos distraído-desprevenidos. Multumesc frumos, como dizem os Romenos [o que, embora não pareça, quer dizer blago daria, em búlgaro bulgar, ou köszönöm, em húngaro (marciano...) ou dekuji, como soletram os Checos, e em Português... muito obrigado]. Continuem estes queridos descobridores de nova vaga. E que venham mais. Tal como...
... as ondas do mar d'Odeceixe
sucedem-se tranquilamente.
As primeiras - trazem peixe;
as outras... principalmente
Antunes Ferreira, o Vate da Lapa
DISCORRENDO
Os muitos Amigos que tenho espalhados pelo Mundo são importantíssimos. Os Árabes parece que foram os inventores do ditado: «Amigos escolhem-se; família não». É claro que dele se abstraem os laços familiares estabelecidos através do casamento: aí há uma escolha. Ou, pelo menos, presume-se que sim… No entanto, por todo o Mundo fora e em milhões e milhões e milhões de casos, as bodas realizam-se por imposição ou escolha de outrem. Como é sabido.
Foi para esses pontos de amarração da simpatia, do carinho, da solidariedade, da nobre Amizade, enfim, que me aventurei a mandar o singelo pedido que consta deste blog. O travessadoferreira.com está virgem de colaborações. Assim, não vale!
Poderá ser que não se ralam mais comigo? Decidiram ignorar-me? Ou, pior, ostracisaram-me? Não sei. O concreto, real, incontornável é o vazio que estiola nestas colunas. Na escola primária do meu tempo, a Mouzinho da Silveira, ali a Palhavã, já lá vai meio século, a primeira professora emérita que tive, a Dona Clélia Marques, sua dona e directora explicou-nos, aos putos que éramos, que o vazio era a ausência de tudo.
Agora, que já vou caminhando mais ou menos aceleradamente para o forno crematório, descubro que pior do que o vazio só a solidão. Mau. A solidão no vazio é impossível. Mas, existe.
sábado, dezembro 17, 2005
MURO DAS LAMENTAÇÕES
Amigos
Continuo à espera da vossa colaboração no blog que eu mais amo: travessadoferreira.com. Até à data 0 – ZERO contribuições.
Estou a ficar preocupado. Mandem, por favor, ao menos, um comentariozinho. Ou as Boas Festas… Obrigado
Amigos
Sigo esperandoos en mi amado blog (MIRAR ARRIBA). Hasta ahora 0 – ZERO contribuciones.
Me quedo muy preocupado. ¡Hóstia! Al menos enviar un pequeñito comentario. O Buenas Fiestas… Muchas gracias.
Amis
Je vous attends chez mon bien-aimé blog (CI DESSUS). Jusqu’aujourdhui 0 – ZERO contributions.
Je suis bien preocupé. Allez y, sil vous plait! Au moins un tout petit commentaire. Enfin, les Bonnes Fêtes… Merci bien.
Friends
I still wait for your collaboration in my little blog (SEE ABOVE). Until now – 0 – ZERO contributions.
I’m a little bit worried. Please, go strait! At least, a very small comment. Or, put there… Merry Christmas… Thanks.
Henrique
VOTANTES AO QUADRADO
De resto, estes dividem-se em dois grandes grupos: os votantes votantes e os votantes não votantes. Dito assim parece o labirinto. Não é. E se abriu a época da caça aos votantes, muitos destes recusam-se a ser alvos e não irão às urnas: são os votantes (potenciais) não votantes. Os outros, os que engolem a minhoca, o anzol, o fio, o carreto e a cana de pesca quererão justificar os cadernos eleitorais e o cartão de cidadão eleitor: são os votantes (potenciais)… votantes.
Isto dito, resta aguardar pela campanha, a verdadeira, a que não pode ter, sequer, ersatzen. Na qual, os votantes votantes e os votantes não votantes decidirão… se vão votar. Se não o tiverem feito já nesta pré campanha/ campanha. oLARILA.
Antunes Ferreira
Uma manhã ensolarada – o que me traz uma enorme felicidade. Isto porque, de acordo com a weather.com, 24 e 25 serão dias apenas com algumas nuvens. Tudo indica, se o forecast não falhar a esta distância, que os Ferreiras da Lapa vão poder passar o Natal sem que lhes chova dentro de casa. Nos, mais precisamente. Creio que já disse a um montão de Amigos que isso acontece sempre que as águas celestiais são mais insolentes e se despenham em bátegas.
Com o telhado feito num oito e à espera da demolição do prédio que já habitamos há uns 30 anitos, pouco mais nos resta do que aguentar até que cheguemos a acordo com a Sedorfe, a firma proprietária do imóvel, e que quer deitá-lo abaixo para em seu lugar construir um condomínio a sério tal como fez no terreno ao lado.
Por conseguinte, penso que na noite da Consoada poderemos distribuir as prendas aos netos e a mais alguns correlativos, como habitualmente acontece. Com o bacalhau tradicional, com todos ao quadrado – filhos & adjacentes, por um lado, e couves, brócolos, batatas, ovos cozidos, temperos q.b. por outro... – as coisas serão o que ainda costumam ser.
Donde, espero que não tenhamos para sobremesa – filhós ensopadas pelas águas pluviais...
Sabemos todos a falta que a chuva faz. Despiciendo seria acrescentar porquê. Mas, com o patrocínio dum São Pedro-já-perro, pode ser que nos safemos. Já basta que os dois dias calhem a um sábado e a um domingo. Aqui, não há velhote que nos valha – por mais santo que seja...
Antunes Ferreira
quinta-feira, dezembro 15, 2005
LOCO FÚTBOL
Pudiera ser otro cualquier – pero lo que pasa es que, de acuerdo con el matutino madrileño, el entrenador Frank Rijkaard y el director deportivo de los blaugrana, Txiki Begiristain tienen marcada una reunión para discutir el tema.
España sigue siendo un destino cada vez más importante para los futbolistas portugueses. Al mismo tiempo que ha salido el texto sobre el luso-brasileño, el mismo «As» se da cuenta de que en la próxima semana el también internacional portugués Maniche, hasta ahora del Dinamo de Moscú, firmará contracto con el Atlético de Madrid. Los colchoneros, entusiasmados, dicen que con el medio ex Porto y ex Benfica llegarán a los torneos europeos. Asimismo, hay muchas dudas. Sobre Deco y sobre Maniche.
Los hinchas portugueses preguntanse si el mundo del deporte rey está loco... Creo que sí, que lo está. Y no solamente el español, sino que el fútbol mundial, por supuesto. No pueden entender que los únicos vecinos que tienen – que tenemos – lleguen a hacer tonterías como estas.
Vuelve, una vez más, un viejo y sufrido fantasma que parecía desaparecido entre portugueses y españoles: la duda. Sin embargo, el fútbol es importante y universal. Pero guerras por causa de el – nunca.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
AVISO - CUIDADÍSSIMO!!!
De qualquer modo, aqui fica o AVISO: Cuidadíssissississimoooooooooooooooo!?!?!?!?!?!? As solicitações para a colaboração de todos estão, agora, armadilhadas: de um lado esta embuscada em que estamos todos bem bebidos, perdão, embebidos. No outro, o tal que acima mencionei.
Basta de tanto sofrer. Não me deixem só. Avançai, irmãos, avançai. Porque aqui, não se marcha contra os canhões, que me perdoem os Senhores Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça. Avança-se contra a famigerada censura, qualquer ela que seja, contra a ditadura, contra a droga, contra as mafias, contra a falta (crassa) de civismo, contra a fdp da libertinagem, contra a mentira, contra a guerra, contra o racismo. Por isso, avançai. Com o que quiserem colaborar. Até já. A. F.
terça-feira, dezembro 13, 2005
Caros Amigos
Olá! Aqui estou, de volta, com um novo blog. O anterior nasceu torto. Daí que nunca se endireitasse. Não interessa. Faleceu de morte naturalíssima. R.I.P. Vamos, agora, todos juntos, fazer este novo, com a certeza de que ele é um ponto de encontro de pessoas, ideias, experiências - maluqueiras. Espero por vocês e pela vossa colaboração. Aquela que mais vos agrade. Toda a que queiram. Este blog é meu - mas também vosso. É nosso. Venha de lá essa inspiração e... essa transpiração. Fico à vossa espera. Muito obrigado.
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Queridos Amigos
¡Hola! De vuelta a los temas más distintos pero que también más sencillos. El blog anterior me lo he encerrado porque ya no tenia nada de interesante. Me he dado cuenta que tendría de comenzar un otro – para poder llegar a todos vosotros, queridos Amigos.
Así que aqui estamos, todos juntos para llenar este blog de lo que nos parecer mejor. Espero la colaboración vuestra. Toda la que quieran. Muchas gracias.
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Chers Amis
Bonjour. Je suis revenu pour vous présenter mon nouveau blog. L’ancien était demodé, les choses interessantes en étant disparues. Donc, j’ai recommencé ce qui je vous presente – pour pouvoir vous contacter sans problèmes.
Nous sommes ici, touts, pour remplir l’espace de ce blog. Essayez d’y mettre ce vous croyez le meilleur. J’attend votre colaboration. La que vous croyez la plus appropriée. Bien merci.
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Dear Friends
Hello. I came back to inform you I have a new blog – this one. The old one was without sense. It became old in few moments. So, I decided to start this one. That’s a good way – I think – to be with you just to change ideas and papers.
Please, insert here what you think appropriated to our blog, mine and yours.
Have a free mind. And make your own choice. I wait for you. Many thanks
Antunes Ferreira
Pescar no Natal?
Um destes dias vou dedicar-me à pesca. Tratando-se de um sério e sereno propósito, não vejo o porquê dos vossos sorrisos dubitativos. Cada um pesca o que pesca e ninguém tem nada com isso – excepção feita, natural e obviamente aos peixes.
Na presente data, quando o Natal já vem a dobrar a esquina (é ver o princípio da barriga/barrica vermelha do Santa Claus), vou-me apercebendo de que a vida não se esgota num pinheiro, ainda por cima, plástico, ou seja, falso-como-judas, muito menos em presépio, de figuras de plástico, ou ainda pior, em gambiarras em plástico.
E se falássemos de bolo-rei? Aqui muito à puridade, confesso-vos que, embora republicano e etc., prefiro o bolo-raínha, que não leva frutas cristalizadas, pois é o refúgio – ainda que provisório – de amêndoas, nozes, avelãs, um por outro amendoim e, pasme-se, pinhões. Tudo descascado, como é bom de ver.
Nada. Se continuo por esta senda, ainda desço na paragem dos coscorões, ou no apeadeiro das broas castelares. Isto, enquanto se aquece o forno para o destino final e fatal do peru. Refiro-me, claro, à ave natal (não escrevi árvore de Natal) da América e que, hoje, já faz gluglu em português vernáculo.
Paro aqui, porque estão a tocar à porta. Segundos depois: era o senhor distribuidor de correspondência ao domicílio, por outras palavras, o carteiro, a desejar as boas-festas. E a arrecadar a gorja concomitante. Digam-me uma coisa: se é que aconteceu, por onde andará o 25 de Abril que nem ao homónimo de Dezembro conseguiu chegar?...