Passados 84 anos sobre Tutankamon
Descoberto um novo túmulo no Vale dos Reis
Leio – e quase caio da cadeira, de espanto. Num Mundo em que, aparentemente, quase tudo está descoberto, eis que, do Egipto, me (nos) chega uma notícia que me (nos) deixa estupefacto(s).
Pensava eu que, ao cimo da Terra, esperava a Humanidade que se encontrassem soluções para a cura do cancro, da sida, das doenças de Alzheimer, Parkinson, dos pezinhos, entre algumas outras, vacinas específicas para maleitas irresolúveis, etc. E ainda, que se conhecesse em pormenor, finalmente, o aparelho linfático, se avançasse nas esperanças levantadas pela biogenética e se dessem outros passos no domínio da saúde. Esqueçam. E façam, por isso, o favor de olhar para o que nos surge.
Andaram os homens tanto tempo à procura da mítica Atlântida. Até nos Açores. Debalde. Buscaram, desesperada e afincadamente, o Shangrylah. Em vão. Tentaram plagiar o bom do Jules Verne, descendo ao centro da Terra. Utopia, maior do que a de Morus. E, perante a incapacidade de resolverem tais mistérios aparentemente indecifráveis – voltaram-se para o espaço, onde ainda continuam a tentear e tentar.
Da cadela Layka até Neil Amstrong vai uma distância enorme. E aos vaivéns espaciais outra. E às estações orbitais mais uma. E às sondas? Se tomarmos em conta a Mars Science Laboratory que a NASA pretende fazer poisar no Planeta Vermelho em 2009, logo esse decurso temporal se encaixa no da primeira, a Mars Pathfinder que ali chegou em Julho de 1997. Que distância…
Nisto, quando me dava a reler a «Morte no Nilo» da enorme Agatha Christie, cai-me no monitor a notícia do achamento de uma tumba egípcia, precisamente no Vale dos Reis, a uns escassos cinco quilómetros do mais famoso do Mundo, o do faraó Tutankamon. Que eu já tive o privilégio de visitar, aquando de uma deslocação ao País das Pirâmides para me encontrar com o então Ministro de Estado dos Negócio Estrangeiros do Cairo.
Fui ao serviço do «Diário de Notícias», o meu jornal de sempre. E do encontro resultou uma conversa informal com Boutros Boutros Ghali que, mais tarde, chegaria a Secretário-Geral das Nações Unidas. Muito agradável, sobretudo devido à simpatia do cristão copta, não poderia resultar em entrevista, dado o pedido que ele me fez e que, obviamente, não reproduzo. Ficou comigo. A vida dá muitas voltas – mas, sobretudo, empanturra-nos de experiências. E de experiência.
Leio, entre o deslumbrado e o perplexo: «Uma equipa de arqueólogos da Universidade de Memphis, nos EUA, anunciou a descoberta de um túmulo, que parece estar ainda intacto, no Vale dos Reis, no Egipto. Algo semelhante não acontecia desde que foi encontrado o túmulo do faraó Tutankamon, em 1922.
No local estão cinco múmias, que parecem pertencer à XVIII dinastia, nos respectivos sarcófagos, todos ainda intactos, adiantaram os especialistas. Esta dinastia, a mesma do chamado faraó menino, reinou entre 1567 e 1320 antes de Cristo, altura em que o domínio do país sobre a área em volta era muito forte.
Apesar de no Vale dos Reis dever o seu nome ao facto de ser local de enterro da maioria dos faraós da época áurea, os arqueólogos afirmam que as múmias agora encontradas não parecem pertencer a famílias reais».
Porém, a posteriori, já se aventou que as múmias poderão ser da raínha Nefrertiti e das suas quatro filhas. A ser assim - e a hipótese parece ter pés para andar - a sensacional descoberta poderá, ainda, ter repercussões muito maiores. Um especialista egípcio utilizou o adjectivo "ciclópicas". Eu, modestamente, permito-me acrescentar que se trata de um verdadeiro tsunami arqueológico. Desculpem-me a ousadia ou o exagero...
Os cinco sarcófagos têm forma humana e têm máscaras funerárias com cores. «Por alguma razão foram todos enterrados de forma rápida num túmulo pequeno», adiantaram os arqueólogos.
O túmulo estava coberto pelos escombros de casas de trabalhadores de construção da XIX dinastia, datada de um século depois».
Sarcófagos que descansáveis em paz: as coisas mudaram radicalmente. Os pesquisadores oriundos da terra do tio Sam deram-vos cabo do descanso que julgáveis eterno. Nada. Eterno, dizem os católicos, só o Presidente do Conselho de Administração do Paraíso, a quem, no nosso globo, chamam o Pai, ou Padre, da Santíssima Trindade. E, mesmo assim…
Volto ao Nilo e ao Hercule Poirot. Um tanto preocupado com a questão da eternidade e do sossego. Mas encantado com a genialidade da tia Aghata.
Antunes Ferreira
domingo, fevereiro 12, 2006
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